Ignorância
Há tempos escrevi aqui que não percebo nada de música. Não percebo, mas adoro. Talvez até perceba mas só mesmo por intuição. Sou mais ou menos como a Bábá. Se me explicarem, percebo tudo e disfarço muito bem. Basta sussurrarem-me ao ouvido. Por exemplo, quando não faço a mais pequena ideia do que aconteceu numa determinada data, e me explicam falam nos intervenientes de um dado facto como se tivesse sido “nosso” colega no liceu Pedro Nunes – esquecendo que a minha diferença de idades para o meu interlocutor é de não menos de 20 anos – disfarço com um sorriso e um aceno suave com a cabeça e abro bem os olhos como se estivesse a perceber exactamente do que me estão a falar. Mentira. Mentirona. Mentirissima. Não sei, e às vezes até fico sem saber, sobretudo quando o interlocutor não me dá pistas... depois vem o problema da memória. Tento, é certo, investigar no ponto de navegação virtual mais próximo, mas esqueço-me de palavras chave importantissimas para chegar ao meu fim... e, lá está, reservo-me na minha ignorância à espera de não ser apanhada. Esta é uma das razões que fiquei chateada de ter deixado escapar a Feira do Livro. Maldita ignorância. Ou idade...