segunda-feira, 12 de julho de 2004

Ai Jesus, Senhor... Caannsaadoo!

Mais um dia sem fazer nada... este e mais 10 milhões que andam pra'i a fazer de conta. Não é que não lhes apetecça, mas foi do «piqueno almoço». Caiu mal, sabem como é? É que um gajo vai para o trabalho, cheio de fome assim que chaga à estação toca de afinar-se com uma sande e o galão. Compra o 24 horas e vai no caminho a ler. Já começa a ficar enjoado. Pra desenjoar assim que chega ao Cai'Sidré vai ao café, pede a bica e mastiga um rissol, qué pra entreter. Bom, vai a pé até ao trabalho e para no quiosque para comprar a Bola. Quando chega ao trabalho já são quase onze, porque fica lá em baixo a falar com o porteiro ou com a Marisa da recepção. Chega e vê o expediente, é tanta coisa, tanta coisa que nem sabe por onde é que há-de começar. Decide abrir a Bola e ver os destaques. Um gajo entusiasma-se e telefona ao colega da sala ao lado e a extensão fica ocupada. O patrão já não vai chatear e pode continuar tranquilo a discutir a legitimidade do penalti da véspera que deu a vitória aos dragões. O expediente fica prá tarde, que entretanto já são quase 12h30. Sai com o colega da sala ao lado e vão ao restaurante do costume, onde a malta habitualmente se encontra. Ficam lá até às 15 h00 e regressam a passos largos com um cozido no bucho. Tenta pegar no expediente, mas como o dossier é muito gordo manda de volta para o «apoio» com a seguinte nota: «Solicito mais esclarecimentos ao requerente» e volta a debruçar-se na bola. Liga para a mulher e pergunta se quer que passe no supermercado. Ela dá-lhe a lista das coisas. Vai à máquina buscar uma bica. Bebe a bica, fuma um cigarro desta vez com o colega da sala do fundo. Volta à sala e telefona para o economato a reivindicar mais folhas de papel, canetas, agrafador e marcadores fluorescente e... um x-acto (o puto está quase a começar o ano lectivo e assim dá menos nas vistas). Entretanto já são 16h45. Começa a arrumar a secretária.
Fecha a bola, passa pela sala do chefe e comenta o jogo da véspera. Sai com os colegas que o acompanham na viagem de comboio. Chega a casa e diz como quem desabafa:«Ai Jesus senhor... Cansaaado»!

Gentalha...

Viemos para vencer. A Casta! É assim, nascemos para o que nascemos e nada mais tenho a dizer sobre o assunto! O resto... fica subentendido. Parabéns àqueles que sabem que lhes estou a dar os parabéns, e mais parabéns ainda para «certas e determinadas pessoas»! Sim, certas e determinadas pessoas que continuam a ser quem são, a ser elas próprias e não mudam. Eu por exemplo, sou sempre eu própria! É assim, na nossa Casta. A Casta que vem do «Álvarez», que mais tarde passou a Àlvaro e há quem hoje conheça por «Alvarinho», para poucos «Varinho». Do cruzamento (possível por se tratar de uma outra Casta mas de regiões distintas) com a Barreiros - que vários historiadores atribuem ao lado sul do Tejo, mas que veio a provar-se que nasceu da mistura interessante de «Corgo» com o «Penedo», nasceu a verdadeira Casta. E mainada. Quem nos conhece sabe quem somos, quem não conhece provavelmente tem pena! A Casta, é sempre a Csata, mas não é Letícia nem outra babuseira qualquer. Sim, porque CERTAS E DETERMINADAS PESSOAS pensam que nos associamos a esse tipo de gentalha que aparece por aparecer, que diz coisas sem pensar nas consequências, nós, da Casta não! Nós, da Casta, enfim, deste restrito grupo de pessoas das quais nada mais digo, nem revelo, somos reservados. Continuamos a ser quem somos e a ser nós próprios! Não nos damos com essa GENTALHA!

segunda-feira, 5 de julho de 2004

Em 2º lugar!!

Já tinha algumas saudades de ir àquela casa, apesar da resistência a aceitar o convite do Gonçalo (no meu caso, TRI para os conhecidos)! A Susana insistiu quando equacionou a possibilidade de podermos continuar a desfrutar de sol durante mais um tempinho e arrastou-me. Cedi. Juntámos um grupinho que nos acompanharia fosse qual fosse o destino e às 19h30 estávamos a chegar a casa do Cafon - mistura real de D.Carlos com D.Afonso. Meia dúzia de «gajos» chutavam uma bola tentando –mediocremente – rivalizar com o pequeno Deco ou o atlético Cristiano Ronaldo. Procurámos o frigorífico para por a gelar cervejas e encaixámos no balcão da cozinha um caixote com batatas fritas, salsichas tipo Frankfurt e pão de cachorros, preparando-nos para o início da partida mais importante e para nós mais vivida de futebol.
Instalei-me confortavelmente num cadeirão junto ao «frigobar», do lado direito do televisor. A tónica era verde, encarnado e amarelo. Até as bochechas tinha pintadas.
O hino começou a ecoar e todos acompanhámos, de pé com um brilho nos olhos de esperança de uma vitória - salvo uma ou outra excepção que resistiu e enxovalhou-nos - Não ganharíamos nada, mas este partiotismo ocasional pode sempre ser prolongado, ganhando consistência e talvez até raízes. Com alguma expressividade e na tentativa de criar alguma envolvência e um espírito de grupo, àquele não-grupo, gritei «Portugal alé» e tanto insisti, acompanhada inevitavelmente pela parceira de goela, Suzete, que conseguimos por instantes côro.
Bebi três garrafas sorteadas de Super Bock, Brhama (?), Green, Pilsener, na primeira parte e cheguei a sentir o peso do álcool quando no intervalo fui parar à piscina num banho inesperado, mas saboroso. As calças justas, verdes, contrastantes com o encarnado forma para a máquina de secar...
Voltei à cadeira, enrolada num turco encarnado - a uniformidade cromática irritou-me, mas sem opção – mantive as cores da Selecção Nacional como se de uma superstição se tratasse - na segunda parte, agora com escassa esperança.
Já todos tínhamos uma quase certeza que não iríamos ganhar. Eu sabia que não ia ganhar nada. Não finalizamos (uma característica que partilho com a nossa selecção nacional) e portanto o mais provável seria assegurar um segundo lugar. Nem mais, esse já estava garantido e por aí ficámos com o «desgosto estampado no rosto». Ainda recebemos aquelas mensagens «tipo» de quem se tinha preparado para sair independentemente do resultado. Optei por voltar a casa, com a expressão do costume. Derrota previsível. Mas a culpa, desta vez, não é nossa, nem minha!

Mais... Sophia

Não conheci. Com muita pena, mesmo, não conheci. Li, com 8 ou 9 anos "O Cavaleiro da Dinamarca" e foi um dos primeiros livros completos que folheei com gosto sem procurar as gravuras. Página a página sorvi as palavras, conheci as personagens as descrições e li tantos poemas quantos os manuais escolares me oefereceram. Um verdadeiro prazer. Por isso deixo aqui o meu tributo. O filho irrita-me, mas a mãe esmaga-me.
Mais

Mais do que tudo, odeio
Tantas noites em flor da Primavera,
Transbordantes de apelos e de espera,
Mas donde nunca nada veio.



Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I