quarta-feira, 26 de julho de 2006

conversa para lado nenhum

- Então, vais lá?
- Não sei e tu?
- Sim... acho que sim, mas tu não vais?
- Não tenho bem a certeza, se calhar passo lá mais tarde...
- Mas sabes onde é, não é?
- Sim, no outro sítio...
- Pois... no outro já não dava...
- E vão eles todos?
- Não... só alguns... hoje acho que só vão alguns, o grupinho.
- Há, tá bem... e apareces lá à hora?
- Bom, à hora não tenho a certeza, estava a pensar ir lá depois, já no fim, depois daquilo...
- Depois daquilo não vale a pena...
- Achas? Pois... se eles já lá não estão não vale a pena, desde que fiquem os outros...
- Pois. É isso. Eu vou fazer isso. Mas tu não pareces muito satisfeito...
- Não... quer dizer, chateou-me um bocado a última vez... não estou habituado a coisas assim...
- Deixa lá... já sabes como é que estas coisas são... aparece lá, a sério!
- Ok, pronto, eu vou, mas então chego mais tarde.
- Mas vai mesmo...
- Ok, eu vou.
Um dos meus interlocutores favoritos é uma pessoa que nunca pensei vir a conhecer melhor, eu diria sequer conhecer... Sabia-o de vista como parte de um submundo semelhante ao meu, mas dípar na forma de trabalho e, sobretudo no método. Hoje em dia revejo algumas coincidências de pensamento, de gostos e até de contexto. Fomos vítimas (eu diria antes sobreviventes) de uma conjuntura semelhante e o precurso assim nos fez encontrar. Este é o relato de uma conversa tantas vezes ouvida que se pretende que crie, em quem rodeia os protagonistas, curiosidade e outras dúvidas. costumamos fazer isto.

segunda-feira, 24 de julho de 2006

produção criativa

Quando vinha para o trabalho estava em plena ebulição criativa com um sem número de coisas para por no meu blog. Neste momento só me lembro do presunto que a Tia Fernada mandou pelo correio e que infelizmente não posso tocar. Presunto de Trás-os-montes, da terra de onde sai a carne barrosã, daqueles nacos na pedra que fazem crescer água na boca, salgadinhos, a saltitar sobre uma pedra fervente. Hoje acordei cedíssimo e naturalmente sem precisar que um despertador tocasse. Às 9h30, de pequeno almoço tomado, de hamburgers de salmão grelhados e tomate cortado, dirigia-me nas calmas entre as faixas desertas de A5 para e empresa. Lembro-me de alguns pensamentos: comprei o pavimento errado e a sala vai ficar pirossissima. Tenho de comprar uma tinta bonita para dar vida aquele espaço. Preciso de entregar os papeis do IMI. Tenho de confirmar a nova morada. Vou ligar para as reclamações o IVA e exigir os 2500 euros que por lá andam cativos. Tenho de ver quando cai o Visa. Tenho de marcar as férias de Setembro. Acho que preciso de fazer madeixas - conclui enquanto esperava que um semáforo, já no Lumiar - ficasse vermelho. São estas coisas que me consomem, acrescidas à crescente celulite que invade o meu rabo e começa a descer na parte de trás das pernas. Mais: entregar fotocópias do BI para a conservatória, escrever os ditos para ler no casamento, comprar um presente para a nossa empregada que está grávida, comprar um presente para o Sr. Joaquim... enfim, tratar da vida, antes que ela trate de mim.
Felizmente para a semana estou de férias, pode ser que não me lembre destas consumições... Abraços...

quarta-feira, 12 de julho de 2006


Esta é a minha casinha, com tecto...com tudo...
Esta é só nossa, não é do BPI, nem da CGD, nem do MG, nem do BES...Manas Matos... a todos!

eu e o meu frigorifico


Há coisas na vida que nos dão uma felicidade imensa. No fim de semana passado passei um sábado tórrido em viagens por Wortens algarvias que me obrigaram a atravessar toda a Via do Infante.
Num fim de semana, repito, fiz 950 km. No fim, a felicidade estampada num rosto que preferi esconder e mostrar as mão. Chama-se a isto a alegria de comprar um Frigorifico.

por falar em comida

Já diz a minha avó " A beleza não se põe à mesa" e falando em comida esta frase faz o maior sentido. Usa esta expressão quando falamos de namorados, ex-namorados, amigos ou quando temos expressões menos simpáticas, ou comentários depreciativos – nomeadamente do ponto de vista puramente estético - sobre este/aquele/ou aqueloutro.
Na verdade não se põe à mesa, mas sabe bem. Fica muito melhor uma mesa com beleza do que com “feiura” e aqui atrevo-me a dizer que os olhos também comem, seja lá o que for que houver para comer e sem distinguir COMIDA de COMER: carne fresca ou menos fresca, mais ou menos colesterolizada, seja marisco, gourmet, popular, mais ou menos gordurosa, regional, fusion, alternativa, vegetariana… seja o que for!
Não sou esquisita na comida desde que me saiba bem e acho que a maioria de nós é assim – também diz a minha avó que quem o feio ama… Passa-se exactamente o mesmo com a comida. Há países em que os tubaros – testículos de um qualquer mamífero são considerados especialidades gastronómicas…Não consigo imaginar a beleza de um prato assim, mas como dizia, desta vez uma amiga minha – “põe-se uma almofada à frente e o resto e perfeitinho…”. Não sei bem se é assim, porque para certos pratos não costumo sequer olhar… De qualquer fora e terminando esta enorme metáfora: Quando a fome é muita… A cavalo dado…
Meninas comam o que quiserem... pelo menos vão tirando o gosto ao dente!

terça-feira, 11 de julho de 2006

EL Colesterol

Estive este fim de semana em Sagres e falaram-me do El Colesterol. Sobre esse assunto cabe-me dizer duas ou três coisinhas.
Descobrir aos 27 que tenho um Colesterol altíssimo é algo que nunca pensei que me fosse perturbar tanto. Nunca pensei sequer que podia “padecer de Colesterol” – e digo padecer porque de Colesterol padece-se, como se padece do ácido úrico, ou de artroses, ou reumatites. Eu padeço, confesso. Podia sofrer de asma, de uma luxação interna da perna esquerda, de uma deslocação do antebraço inferior, mas não. Padeço de Colestrol em níveis absolutamente irreais porque ultrapassam o possível pondo-me naquela situação que dificilmente se percebe como é que estou viva, respiro e finto eminentes AVC – acidentes vasculares cerebrais. Descobrir que tenho este Colestrol – 340 – quando o aconselhável é 190 e o limite máximo é 200 e nas tabelas este valor é tão exagerado que NÃO CONSTA.
Bom, alterei profundamente e radicalmente os meus padrões de comportamento. Continuo a fumar os meus 20 cigarros/dia, é certo, porque gosto muito deles e eles de mim, mas deixei de comer o que quer que seja com manteiga, óleo ou qualquer outra gordura – mau colesterol. Fritos, já eram. Carne, só de aves, pouca e cozida tipo a vapor. Legumes cozidos e esonsos ocuparam o lugar de estaladiças batatas fritas salgadinhas. Não como ovos, nem cozidos, nem estrelados, nem nada. Não há queijo, nem leite gordo. Iogurtes só magros, tal como o queijo fresco. Bolachas light – sem açúcar, sem sal e sem colesterol – que as há, e arroz basmati cozido sem tempero. Alhinho, com fartura, cebola, tomate e grandes saladas variadas e muitas sopas sem batata – que não faz mal ao colesterol mas ao rabo. E and nisto. Pior é que impinjo a dieta aos meus companheiros de estrada. O pai, que é magro, caminha para a anorexia aos 62 porque se sente bem ser o único prevaricador. A mana, aproveita a onda para delinear o michelinho que circunda a barriga, a mãe não se importa de tornear as curvas para o casamento que se avizinha. Bebo chás e vou ao celeiro. Peno muito em comida na onda – não posso comer. Sonho com alternativas que finjo simpáticas para me convencer. Já equacionei o hamburger de soja e a espetada de tofu.
Paro e penso: SE NAS PROXIMAS ANÁLISES ESTA PORRA NÃO TIVER BAIXADO JURO: ENFARDO-ME DE BATATAS FRITAS, CROQUETES E RISSÓIS. DE UMA LASANHA GORDUROSA E UM FONDUE DE QUEIJO. UM NACO NA PEDRA SALGADINHO E MEIO CRU, ESTUFADOS COM FARTURA, MARISCO – RIQUISSIMO EM COLESTROL – ATÉ MAIS NÃO E TRANCO-ME NO ARMÁRIO À ESPERA QUE ALGO ACONTEÇA.
Até aos 30 – e faço 28 dentro de um mês, tenho de resolver a minha vida.

segunda-feira, 3 de julho de 2006

Para grandes males, grandes remédios

e para pequenos também. Eu conheço particularmente grandes males que sempre preferi considerar pequenos. Bom, independentemente da dimensão, males não fazem bem a ninguém. Por isso, agradeço à medicina o que tem feito por mim e por quem dela depende. Tem sido generosa em, ainda assim, deixar-nos ter vidas normais, caras normais, vícios normais, atitudes normais etc etc... com mais ou menos sal, com mais ou menos colesterol e com necessariamente menos cigarros vou sendo igual aos outros... que tenho a certeza que tal como eu também acham que tirando isto ou aquilo também são iguais aos outros, porque no fundo, nós todos, os diferentes e os iguais somos os outros... Confuso? Acredito! Sentido? Também. Eis o meu tributo à medicina e às farmácias e aos ordenados que nos deixam gastar 60 euros em medicamentos numa manhã, que nos darão para... uma semana, salvando-nos para o resto da vida. Abraços