Nós somos os meninos da mamã. A nossa geração – que agora sinto que já posso dizer dos 30! - É a geração dos meninos da mamã.
Noutro tempo, tempo da minha mamã e do papá, saia-se de casa cedo. Mais cedo se saia no tempo do avô. Lembro-me de gozar com a minha mãe que o primeiro beijo com língua que deu ter sido ao meu pai, o que faz com que, pela normalidade da relação que suponho que tenha, nunca mais experimentou boca nenhuma. Pois bem, saiu de casa aos 23 e emancipou-se financeiramente a dar explicações a crianças quando ela ainda era, nos meus padrões, uma criança. Tinha 18 anos. Eu tenho 28, mais 10. Não sai de casa e francamente não me apetece. tornei-me temporariamente independente financeiramente aos 22. Minto. Continuo a viver cá em casa. Não me casei. Quando não estão, se chegam tarde, se não jantam, telefono preocupada. Quero com isto dizer com as várias bocas que beijei, camas onde dormi, viagens que fiz, dinheiro que ganhei, jantares fora, noites até de manhã, doenças, carros espatifados e outros não, mota, bicicleta, cartões de crédito, telemóveis, resorts, casas e casinhas, empregos, namorados, namorados, namorados e amigos e amigas, muitos conhecidos, agendas cheias, pouco tempo e muito colesterol, continuo a ser uma menina da mamã.Aviso se não durmo, dizem-me que tenho cartas da Finanças, telefonam-me para saber se janto, preocupam-se se estou triste e neles, pai e mãe, confio mais do que em qualquer outra pessoa. São a minha rede, como os pais deles eram quando tinham 18 anos. Não sei se é por serem os meus, mas vejo por todo o lado. Antigamente, um tipo de 30 anos, era um homem de 30 anos. Agora, um homem de 30 anos é um puto como eu. Assim concluo que, das duas uma, ou eu estou totalmente desfasada da realidade, ou a realidade é tão diferente que eu, com a idade começo a não ver bem....