sexta-feira, 22 de abril de 2005

Nas terras pequenas os jovens ou se dedicam ao desporto, ou têm uma banda ou afundam-se nas drogas. Esta frase ficou marcada na minha memória depois de a ler numa entrevista à Sónia (para os amigos dela Soninha presumo, ou Sony, ou mesmo SONE, de capri - não da terra Capri, mas do tão famoso quanto saudoso e agradável ao tacto CapriSone) dos The Gift - leia-se "Daguife". Também eu sou um bocadinho de Alcobaça, terra da fusão do Rio Alcoa com o Baça, podia ser de Alcofa e do Bessa, mas assim seria alcofessa e não. Não é. É Alcobaça. Essa terra onde aos 5 anos se anadava na natação, no ténis, na patinagem artística (na altura a 4 rodas e muitas esferas), no piano e preparavamo-nos para os cursos de línguas que num futuro próximo abririam no único e primeiro centro comercial, agora presumo que velhote e semi abandonado, destronado por um qualquer Shopping com Zaras e Mangos.
Mas na nossa inocência, lisboa era muito melhor, porque não tinha apenas um Cinema com matinés repletas de criançada ao Sábado e ao Domingo de manhã. Em Lisboa explodiam amoreiras a cada canto. Por falar em amoreiras, em alcobaça andava-se de bicicleta nas ruas e um dos maiores entretenimentos infantis era o culto dos bichos da seda. A incessante busca de amoreiras para alimentar essas minhocas cedo tranformadas em borboletas malcheirosas e porcalhonas praticamente asfixiadas em caixas de sapatos apanhadas à porta da única sapataria de alcobaça ou importadas de Lisboa - de um fugaz fim de semana em visita aos avós e em compras intensivas numa manhã de sábado, à Bambi em Campo de Ourique.
Das bandas não posso falar. Abandonámos a terra cedo de mais. Das drogas, bom, não consigo encontrar qualquer diferença com o que se passa e passou na minha adolescência dividida entre o centro de Lisboa e a banlieu de elite. A única diferença talvez seja a variedade das drogas e a falta de opção evidente, ou como diria um amigo meu (e de muitas outras pessoas) Evidenti!!!!!!!
Abraços largos e cheirosos

2 comentários:

Anónimo disse...

Quem passa por alcobaça nao passa sem lá voltar, ali e em qualquer lugar!!!

Anónimo disse...

E o que eu gosto de Alcobaça... Tanto... que resolvi deixar aqui o testemunho, na primeira pessoa, das drogas que por lá me viciaram. Falo, portanto, dos bolos e mais bolos adquiridos na pastelaria Alcoa. É o pior dos vícios, aquelas bolotas de doce de ovos, enroladas nuns papelotes brancos. Ele era com noz, ele era com amêndoa, ele era qualquer coisa! Mais tarde, viciei-me numa loja. É que a dose do bolinho-e-um-café já não chegava. O corpinho pedia mais... mais um top e mais umas calças de marcas que faziam desaparecer a minha mesada num ápice. Que vergonha! Mas hoje sou uma pessoa diferente. Larguei esses vícios. E isto acontece a partir do momento em que começo a praticar desporto. De vez em quando corro maratonas até ao "àquilo onde se vai pagar a água depois de terminado o prazo no multibanco". Sim. Porque ter casa de férias no Concelho de Alcobaça, mesmo estando mais perto das Caldas da Rainha é obra (é como viver ao pé do Rio Tejo mas pertencer à freguesia de Cacilhas, em vez da Lapa)! Muita maratona fiz eu entre Lisboa e o dito sítio para pagar a água (é favori tirar a senha, qu'isto aqui não é a casa do povo)! A8 sempre em frente, pagar o ridículo que se paga quando não se usa água porque não foi lá ninguém a casa desde o Verão, fazer a A8 outra vez (contar em quanto me ficaram as portagens, chorar-me e prometer que nunca mais me esqueço do prazo das contas) e chegar a horas para trabalhar. O que eu gosto de Alcobaça...

Ps- Há mais histórias "daquilo onde se vai pagar a água depois de terminado o prazo no multibanco". RF