terça-feira, 9 de agosto de 2005

Aquece o Coração...

A minha avó, das minhas irmãs e dos meus primos para além de nos ensinar a comprar compulsivamente qual grito do ipiranga contra a frugalidade imposta pelo meu avô ao longo de décadas que não presenciei - pré e pós IIª guerra Mundial, ensinou-nos outras coisas. Uma delas marca a nossa família. Faz de nós seres diferentes, particulares. Refiro-me à premeabilidade à publicidade. Se a TV diz que é bom é porque é, ou pelo menos na maoiria dos casos. Mais, a senhora do outro lado deveria ser um exemplo a seguir. Daí que aos oitenta e tal seja totalmente permissiva face a comportamentos inaceitáveis no «seu tempo» que eu acho que é mais o meu do que o dela e adore o que a minha geração adore - passear. Com o penteado a Isabel IIª, Laura Barreiro, sempre de mise composta e plix q.b. - que para quem não conhece fique a saber que se trata de um frasquinho pequeno de gotas transparentes que seguram os caracóis durante tempos indeterminados - ouve falar em passeio, viagem, avião, autocarro, comboio, estrangeiro, guia, mapa, restaurante, mala, rodinhas, bilhete, passaporte e prepara-se com uma atencedência que a idade assim exige para a partida. Uma mala de comprimidos, bombas da asma, pomadas e mezinhas para dores, pés inchados, atrites, renites, gastrites, estomactites e todas as outras ites que o seu vocabulário pouco técnico mas actualizado pelos suplementos da Mulher Moderna, grupo Impala assim lhe fornecerem é sempre a primeira a ficar pronta. Segue-se da roupa, com peças para as diversas estações não vá o "diabo tecê-las", outra para sapatos porque apesar de percorrer quilómetros a fio em passeio os pés incham-lhe muito e precisa dos chinelos para a noite, ténis para andar por casa, sapatos para usar com as calças, os mocassins para ir aos museus... enfim sempre precavida, Laura Barreiro senta-se duas horas no canto do sofá à espera que a vão buscar a casa para a passeata seja ela onde for. Deve ter sido desse gosto que nós, netos herdámos uma vontade iminente de sair, viajar... mas não era às viagens que me referia quando comecei a escrever este post. Referia-me a uma particularidade que considero muito própria, a brasa. A Brasa pde ser Mokambo, ou Tofina, Nescafé ou outra marca branca qualquer. Trata-se de uma mistura soluvél com cheiro a café e sabor a qualquer coisa que não café. Foi ela que, tal como no anúncio, insistia com os netos repetindo o slogan: bebe uma Brasinha que aquece o coração. Daí que de manhã, depois do almoço e muitas vezes depois do jantar, sobretudo quando estamos em família, se assista, à mesa, a uma distribuição de chávenas de café, açúcar, desse pó misterioso e um agitar de colheres que fervorosamente transformam os ingredientes desta secreta bebida numa pasta que misturada com água quente se transforma num espumoso... quase-café. Cada vez que bebo lembro-me da avó Laura e aqueço o coração.

1 comentário:

Anónimo disse...

SE ARRUMO AS UNHAS, NAO DISPENSO UM CAFEZINHO, E COMPRO A GROSSO (COMO DIZ A RITA) É PORQUE TAMBÉM SOU LAURA

E AQUI LEMBRO-ME QUE SOU PAI ALVARO, QUANDO NAO ME LEMBRO DO NOME, MAS CONSIGO FAZER UMA DESCRIÇÃO COM 100 PALAVRAS PARA DIZER O NOME DE UMA COISA

JA LI TUDO
E GOSTEI DE TUDO
QUANTO A IDEIAS .... A QUE MAIS GOSTEI FOI "MANA ESTAMOS RICAS"
TAMBÉM ESTOU COMO TU A ABSORVER TUDO E A PENSAR EM NEGÓCIOS

MAS AQUI NEGÓCIO É TUDO...
POR ISSO PEGA NESSE NEGOCINHO DJI INTERNETXI E MI LIGA VAI ;)

ANTÓNIMA