sexta-feira, 11 de junho de 2004

Mais cego...

Mais cego é aquele que não quer ver. Hoje compreendo porque é que esta frase está tão popularizada e de facto tem o sentido que encerra em si. Nunca me considerei cega nem acho que o seja, sou bastante perspicaz, mas ás vezes, determinadas contingências da vida fazem-nos ficar cegos. Camilo Castelo Branco escreveu um livro na penumbra, quase cego, um livro que hoje todos os miúdos das escolas lêem, ou pelo menos deviam ler. Eu sempre quis ser alguém. Cresci com o sonho de me tornar ALGUÉM... de alguma maneira. Não a todo o custo, porque bem sei que tudo tem um preço, «não há almoços grátis» ensinaram-me nas aulas de economia, porque tudo o que fazemos tem um preço associado, seja ele apenas o facto de ao optarmos por isto não podermos fazer aquilo. Mas esse objectivo sempre foi prioridade, embora o caminho que trilhei nunca fosse o da imediatez, nem da facilidade. Porque, apesar da consciência das cartas que eram precisas para se ganhar esse jogo, também sabia que quando o sentido ascendente é demasiado rápido, o descendente é-o dez vezes mais.
Esta história não é sobre mim, é sobre pessoas que eu conheço, que ficaram completamente cegas. E quando ficaram cegas começaram a andar às apalpadelas, porque não viam o que estava à frente do seu nariz e tropeçaram sucessivas vezes magoando-se seriamente. Um dos problemas de hoje em dia é imaginarmos um caminho limpo, sem qualquer entrave ou obstrução, e de repente termos sérios aleijões porque fomos descuidados. A vida é assim. Se estivessem atentos talvez não tivessem tropeçado, se não tivessem, antes de tudo isso cegado. Mas cegaram, e contra isso, nada a fazer!
A diferença é que os cegos apuram os sentidos, têm sensações de tudo á volta, físico ou material. Os outros todos que cegam, NÃO!

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