sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Do amor não percebo nada. Mas sei algumas coisas - presumo que o básico. Acordar de manhã a pensar numa pessoa que faz o meu coração acelerar e o estômago contorcer-se com dores que cortam o apetite. Dar-me uma vontade gigante e súbita de ir à casa de banho antes mesmo de sair de casa já atrasada para o tal encontro marcado. Pensar na véspera no que vou vestir, se a depilação está feita, se a perna não arranha e se debaixo do braço não houve qualquer esquecimento.
Faz-me andar com um blush na carteira que uso imediatamente antes de sair do carro, ou no vestiário de uma loja qualquer. Obriga-me a pensar se as meias não estão coçadas – para não dizer rotas – e ver se o soutien e as cuecas não fazem lembrar a minha avó. Faz-me andar com um carregador de bateria para telemóvel no carro e memorizar dois números de telefone e procurar rede ao fim de uma hora sem ela. Impõe-me na memória acontecimentos do dia para ter histórias ara contar. Abre-me sorrisos estúpidos em filas de trânsito no regresso a casa. Dá-me tristezas e alegrias, saudades e vergonhas, abre e corta-me o apetite. Faz-me pensar se o fio dental é porcalhão ou sexy, se o verniz vermelho é ousado ou arrogante, se o gloss é espontâneo ou com efeito premeditado.
Vistas a coisas desta maneira, o amor acaba por ter um efeito estranhíssimo. Faz de mim mulher. Só isso?

1 comentário:

Anónimo disse...

Do amor percebes muito. E do que é basico, que sabes que é o essencial, também percebes. Mais do que isso, sentes. E isso é tudo na vida. Não é "só isso". Grande mulher!