quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Sampa

Reduzimos o Brasil ao Samba e ficamos com a frustração de só o ouvido isso no restaurante mais turístico de São Paulo. Sampa é tal qual a letra da Rita Lee, meninas produzidas empoleiradas em saltos, cabelos esticados à chapa quente, debaixo de amalgamas de hidratantes. Casas pequeninas transformadas em restaurantes de luxo que cobram como as lanchonetes janotas de Lisboa. Sampa não tem nada a ver com samba, como Lisboa já não tem nada a ver com fado embora tenha essa fama. Obriguei paulistas a levarem-me ao samba, mas queriam era sons electrónicos em discotecas undreground com decorações freak.
Não tem nada a ver com praia porque nem sequer é Baía, não tem portos, nem mar e o único rio que por lá passa, o tiête é um lodo que arrasta excrementos de favelas maiores que Portugal todo junto e atravancado por prédios gigantes de grades de segurança que sobem ao terceiro andar.
Todas fingem orgasmos, todas preferem rapidinhas, todas são submissas e despreconceituosas. Todas agradam os homens e agradecem – e cedem a um pequeno agrado. Fácil. Todos olham para o lado, são malandros e malandrecos. Mas menos que no resto do Brasil. São vaidosos e siliconados nos locais que menos imaginamos e exibem músculos tão reais quanto os cabelos lisos. Consomem e consomem-se. Aos domingos à noite mais ainda. Na 25 de Março muito. E não se queixam, só dos políticos porque não acreditam nem se fazem acreditar. Cada um por si e deus por todos. Abro os braços mas não os fecho por ninguém. Logo á noite há balada, não querem vir?

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