Rãs e Sapos e bacalhau com natas
Adoro rãs! E bacalhau com natas! E se pudesse "punha" a paz no mundo e dava comida aos pretinhos! e aos pobrezinhos também. E dava motas aos adolescentes e notas altas no secundário. E outra coisa. E o Fernando escrevia coisas tão giras, ora vê lá. Faz lembrar mochilas de ganga com sapos e rãs verdes cozidos nas costas. O máximo! E outra coisa, um penico que eu tinha quando era pequenina. Adoro rãs!
Todas as cousas que há neste mundo
Têm uma história,
Excepto estas rãs que coaxam no fundo
Da minha memória.
Qualquer lugar neste mundo tem
Um onde estar,
Salvo este charco de onde me vem
Esse coaxar.
Ergue-se em mim uma lua falsa
Sobre juncais,
E o charco emerge, que o luar realça
Menos e mais.
Onde, em que vida, de que maneira
Fui o que lembro
Por este coaxar das rãs na esteira
Do que deslembro?
Nada. Um silêncio entre jucos dorme.
Coaxam ao fim
De uma alma antiga que tenho enorme
As rãs sem mim.
Fernando Pessoa, 13-8-1933.
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