quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Strip tease

Este aconteceu-me há alguns anos, muitos, talvez 7. Na altura armada emjornalista a sério. Combinei com uma amiga da faculdade um programa, enfim, no mínimo sui genereis. Ela tinha convites para o Champagne, um bar de strip muito em voga na altura onde se dizia encontrarem-se pérolas de leste que faziam tudo, mas não concretizavam nada. Lá fomos as duas lampeiras, ela muito menina, eu também, mas menos. Era a apresentação de um CD de uma estação de rádio à qual estava associado o Pedro Miguel Ramos (julgo que MIX FM). Fomos as duas e quando chegámos eram homens e homens e algumas mulheres, poucas meninas. Tudo a olhar para aqueles rabisoques brancos com uma tira de fio dental a fazer de roupa.
Lá estava o então meu namorado, sentado e observador, guloso como era, e um amigo do sassoeirinhos. A verdade é que foi talvez o ambiente mais estranho para o conhecer (o amigo). Ele nunca mais se esqueceu. Conheceu-me num bar de strip... O nosso namoro não durou muito mais...

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Não és tu, sou eu...

Ontem vi este filme argentino, nas cadeiras empoeiradas pela falta de uso do Cinema Palmeiras. Não és tu, sou eu, é um clássico. Uma pérola. Fala da história que quase toda a gente que eu conheço, num papel ou no outro, já viveu.
Um namoro perfeito, mais ou menos estabilizado. Resolvem emigrar. Ela vai poucos dias mais cedo e lá tem à espera uma família amiga dos seus pais.. consegue uma entrevista de trabalho para o mais que recém marido, um emprego e vai de fim-de-semana. Afinal de fim-de-semana só foi ela e o amigo do pai. O resto da família continua em Miami. Poucos dias depois, em conversa telefónica, já ele tinha libertado o apartamento, deixado o emprego e estava a escassas horas de embarcar ela pede-lhe que não o faça.
Afinal estava confusa e achou que tudo poderia ser uma precipitação. Ele fica na mais profunda tristeza. Regressa a casa dos pais. Não encontra qualquer razão para viver senão ela, a Maria. Torna-se maçador a tentar perceber o porquê. Perde a concentração. Perde a dignidade. Perde o emprego definitivamente por erros que não se permitem a um médico cirurgião. Quando começa a tentar levantar-se já não sabe como se volta ao mundo dos vivos. Age como um adolescente. Até que o acaso o leva a reencontrar um novo entusiasmo. Vai-se recuperando pouco a pouco e o meses passam. Finalmente, o seu sogro está às porta da morte e Maria regressa. ele vai busca-la. Ela pressiona a voltar. Quer recuperar tudo o que perdeu. Já não há amigo do pai, não há Miami, não há nada. Sente falta da casa deles, sente falta do mimo, do cheiro de tudo. Ele ainda hesita, mas percebe que aquela já não é a sua casa. E aposta num novo caminho.
Eu já fui o Javier, e já fui a Maria. Já vi nuances diferentes da mesma história. Já vi Marias que foram recebidas e que tudo voltou a ser quase como era.
Já vi quem acordasse a chorar, viver a cafés e cigarros, penasr que tinha "esgotado a capacidade de amar"... enfim... Já vi também precedentes que se abriram e que nunca mais se sararam. Mas garanto que todos os finais são possíveis.
Se eu fosse ela nunca teria ido.Ensinou-me a vida depois de ter estado lá...mas embora Maria... o meu filme é outro!

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

enfeirar

Quem não gosta de enfeirar? Hoje ouvi esta palavra, enfeirar. Enfeirar é bom, cansa, mata, mas é bom. E por falar em enfeirar, veio à conversa perfumes falsos. E daí saltamos para as antigas lojas da baixa que vendiam colónias a litro. Depois lembrei-me dos kit's natal que eu e as minahs irmãs preparavamos:
- cestas compradas nas feiras do minho
- tiras de papel desfeito
- bolinhas de óleo de banho do boticário (compradas à unidade)
- pequenos sabonetes individuais (de hoteis)
- frascos de amenities dos hotéis (shampos rascas e gel de banho)
Tudo juntinho e bem embrulhado faziam as nossas delícias que impingiamos a toda a família.
Tanta imaginação desperdiçada...

Os testículos do Jardim


Estou francamente feliz. Estou muitíssimo feliz. Hoje, num (fraco) exercício intelectual percebi que já posso dizer Testículos. Sim, TESTÍCULOS. Alberto João Jardim elevou os testículos à condição de parte do corpo. Agora estão “ao lado” do nariz, dos dedos, das orelhas, da boca. Se tinha algum pudor, até agora, de pronunciar esta palavra, testículos (não me canso), agora posso dizer “à boca cheia”, os testículos. Já não é preciso disfarçar, e dizer “levas um pontapé nos…” ou estás a roçar os….”, ou num tom mais ordinário “quer é despejar os …” . Falar agora nos testículos é como falar no estômago, nos olhos, nas orelhas. Já os Tomates (e prometo que esta foi a última vez neste post que uso semelhante palavra) passou a constituir problema. Ele não queria ter usado esta palavra, por isso disse testículos e disse bem. Testículos são como o pénis, como o joelho. Os outros, que acabam em “ates”, são como a penca, ou o focinho. E muito bem visto, com uma clarividência que só jardim conseguiria ter, desmistificou a palavra e devolveu o seu significado original. Esqueçam os tintins, as bolas, os lhões… agora são testículos, que isso é que é o bom português. Confesso que tenho algum receio que qualquer dia, encontre numa frutaria senhoras encavacadas por pedir um quilo de … ates… enfim, a palavra proibida. As saladas, as lasanhas, em calda, para tudo isso agora teremos de repensar numa nova palavra que corresponda ao fruto em causa. Entretanto podemos ir à origem, que ao que percebi não vem do latim, mas do nouatle, língua do perú, o primeiro povo que começou a utilizar este fruto como alimento. Provém de uma planta Solanum lycopersicum. Aqui ficam algumas características dos testículos, aliás dos….ates, que o Alberto João Jardim, pessoa que na generalidade não tem vergonha do que quer que seja, desta vez teve vergonha de pronunciar. . .
reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Solanales
Género: Solanum
Espécie: S.lycopersicum

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

desenhos animados...




O ridículo carnavalesco


É interessante ver como em mim se operou uma mudança face ao Carnaval. Quando era miúda adorava passear com uma máscara fosse ela qual fosse. Um passeiozito a Belém com uma peruca handmade, de meias de lycra e lãs grossas cozidas. Ia ver os meninos vestidos de zorro ou cowboys e as meninas de damas antigas e fadas. Nunca consegui ser fada, nem princesa, nem rainha, nem dama antiga à séria com armações de ferro dentro do saiote. Não consegui porque a minha mãe nunca me proporcionou esse imenso prazer. Ainda tentei e estive lá perto, mas mais não consegui do que puta fina exagerada nas minhas bochechas redondas ou puta pobre com camisas de dormir dos anos 70 e tules rosa.
Adorava o Carnaval para poder mandar sacos de água na janela do 2º esquerdo da casa dos meus avós – e em trica ter a campainha encravada de tanto tocarem a denunciar-me aos pais. Adorava os bailes de música brasileira genuína e dos longos serões da RTP em directo dos sambódromos brasileiros com maminhas a saltitar entre jóias falsas a fazer de bikini. Adorava ver as plumas e imaginar-me dentro delas.
Hoje acho ridícula a evasão brasileira, que mistura a euforia onde vale tudo e esconde ao mundo a pobreza (de dinheiro e de valores) a que aqueles estão votados. Acho excessiva e até nostálgica. Dá-me pena. Mas têm uma desculpa, têm genuinamente calor, têm alegria, têm música, têm tudo, por isso têm o carnaval assim...

Por cá é diferente. As lojas dos chineses oferecem as novas máscaras de Lycra. São fadas, princesas, zorros, cowboys, diabos – todos com a mesma base – uma fina túnica de tecido maleável onde cabe um S, um M, um L e um XXL, e um remate de tule. São perucas para qualquer disfarce, que uniformizam os looks.

As festas também seguem a mesma linha… já não há baús, nem originalidade. Já não há aquele investimento na novidade que nos obrigava a uma procura profunda nos confins de um armário da avó. É mais fácil, mais prático, mais barato até ir vestido de chinês.

Nos nossos corsos, vemos o novo samba português, em carinhas brancas de bochecha rosada que tentam resistir ao frio e à chuva que insiste em não dar tréguas no sempre diferente dia de Carnaval, em trajes que antevêm constipações, gripes, senão mesmo pneumonias.
É de tal forma deprimente que vemos como rei do Corso o Zé Figueiras e Ricardo Pereira. Um porque canta o "ode lé li róooo" e o outro porque viveu um ano no brasil a ganhar fama na globo. Brasil, logo, Carnaval, logo corso, logo samba português.
Esquecemo-nos que não temos a elasticidade gerada pela mistura africana com a portuguesa que deu no barasileiro e que nos distingue dele. por isso eles são fantásticos capoeiristas, por isso eles são grandes na bola, por isso eles são brasileiros e nós portugueses. Por isso deviamos ficar pelas lojas chinesas, ou nas modistas amélias e pedir um bom corte para ir a um bailarico ouvir o Cid. Ou esquecer o Carnaval... afinal temos as nossas marchas.... genuinamente nossas...

Gael

Quero dizer aqui, pela primeira vez, que para além da minha paixão já conhecida por alguns dos vistantes deste blog, descobri recentemente que tenho outra... Não é o meu umbigo, é o Gael Garcia Bernal. Nunca gostei daquele tipo de bocas. É um género que não combinaria comigo, mas confesso que Má Educação, As Viagens de Che, Babel etc etc etc fizeram com que destronasse o último meu admirado Jude Law, que sucedeu a Brad Pitt (Brad esse que hoje em dia acho extremamente irritante e ligeiramente aparolado). Gael podia ser Gabriel, mas é ainda mais giro, mais original. Tem algo de melódico dizer: Gael Garcia Bernal, quase como um poema.. mel, comia, mal... ou gel parecia mal... enfim, onde a imaginação nos levar.
Hoje sou Gael, amanhã também serei... fico à espera de novas estreias...

Um bom casting

Ontem fui ao cinema, ver as cartas de Iwo Jima. Absolutamente notável.
Dos filmes que nos fazem esquecer tudo e nos colam à tela com uma vontade que a história dure, dure, dure…
Nas minhas Na verdade o que mais me incómoda não são os protagonistas, mas a trama. Quando o filme é mau, é mesmo mau e não há actores que por muito conhecidos que sejam o possam salvar. Muitas vezes servem até para arruinar carreiras já estabelecidas. Quando o filme é bom então pode até ser a escada lançada para o pódio da fama, quiçá para a estatueta. Foi assim com Peter O’Tool em “Lawrence from Arabia”, foi assim com "O Pianista" (um Andy narigudo), foi assim com tantos.

Também e assim em política. Se o elenco for médio o filme até pode ser salvo. Se o elenco for mau, não há trama que sobreviva. Tudo depende portanto da trama e do elenco. É a conjugação deste dois que pode assegurar a salvação do filme. Quando a trama não é boa, o elenco não presta, os figurantes são de segunda e o protagonista não sobressai por qualquer qualidade – apenas por não ter um historial mau – então será mais um filmezito, provavelmente medíocre que dependendo do investimento poderá para pagar o gasto ou nem isso, podendo, quiçá, levar à ruína daquele estúdio.

Um bom casting é fundamental e desta vez MM não foi exímio na escolha…

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

a mobilidade

A EMEL vai recrutar mais 50 funcionários. Num momento em que a CML atravessa uma crise profunda e onde não há discurso onde não se fale da sua "grave situação financeira", onde não há serviço onde não se sinta os efeitos dessa grave situação financeira, quer pela falta de tinteiros, pela falta de folhas, pela falta de papel higiénico, pela fala de cd's para gravar documentos... é de admirar que se vá acolher numa empresa mais 50 funcionários. Mais ainda de admirar quando existem empresas paradas, com recursos humanos parados, e sob as novas normas da nova lei do sector empresarial local. Seria de esperar que o Senhor Presidente, decalcando para o município os exemplos da administração central exigisse das administrações das suas empresas a aplicação do exemplo de mobilidade de funcionários. Seria de esperar que pusesse a trabalhar funcionários que ganham e que nem sequer aparecem nos respectivos serviços. Não é difícil saber onde estão, nem sequer é preciso procura-los...

e nós...

Muito se fala do Senhor Presidente da CML, dos Senhores Vereadores e dos Senhores Deputados Municipais. Fala-se da bancada, dos senhores administradores das empresas, que chegam, que ganham e que vão. Fala-se da doença que esta Câmara vive onde não se encontra sinal de cura - onde nem a ciência, nem a mão divina parecem ter qualquer poder. Uma lepra que vai degradando, cada vez mais, já não apenas os apêndices mas os órgãos. Espera-se que não chegue ao coração, mas não anda longe. É nesta agonia, desesperante, que são esquecidas as células, fundamentais para a existência / subsistência do corpo. Nelas, não há lugar a transplantes, nem próteses. As células são os trabalhadores, os funcionários, que aos milhares esperam pela retoma do ritmo cardíaco. Esperam por um sopro de alento. Esperam poder continuar a trabalhar com seriedade. Nem todos são maus, nem todos estão infectados pela “doença”, e na realidade, todos juntos fazem o corpo continuar a viver. Então, neste momento crítico que o moribundo corpo atravessa, seria de esperar qualquer atenção a eles (funcionários), seria de esperar que fosse dirigida e até pedida uma palavra. Todos os dias, nos serviços, nas empresas observa-se uma inércia e a letargia passa de incómoda a habitual. Qualquer dia desaprende-se de trabalhar, porque não há objectivos, estímulo, motivação, exigência nem exemplo de rigor, eficiência e participação. Que a democracia nos (os) proteja.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

e ainda assim

Para a memória, recebi um ramo de flores.

Cheguei a casa e vejo à entrada um ramo enorme, cujo cartão rezava o seguinte: "Um beijo grande com muito amor "Avílio". Ligo de imediato para a minha mãe para "parabeniza-la" da originalidade (nada original para outros, mas muito para o nosso caso) do acto.
Explico: o meu pai é tímido. É um atencioso tímido e algo desajeitado. Este episódio revela o seu coração enorme, algo solitário e de profunda amizade / dependência da minha mãe. Quando viveram em Alcobaça havia um senhor que era motorista chamado Malaquias. Malaquias deu para todos os homens e namorados das nossas vidas. "Lá vou eu e o meu malaquias." Anos mais tarde re-baptizamos o meu pai de Abílio (que é mais próximo de Álvaro, o nome original). Ela passou a ser a marilina (de Marilyn Monroe). Daí se explica o cartão.
Quando congratulei a minha mãe, oiço ao fundo: "diz para ir ao quarto dela". Pensei que o Avílio se tinha esticado. Poderia ter estendido a simpatia às filhotas. Erro: tinha um lindo ramo de rosas com um cartão que rezava o seguinte: "Amo-te minha Valentina. ass. Armando!".
Fiquei feliz!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

para partilhar

descobri que há muita gente da minha idade que não se lembra de alguns desenhos animados que fizeram as minhas delícias enquanto criança. Gostava de partilhar alguns deles:

Estrunfes
Benni Flápi
É bom ver na floresta o sol nascer
Flora (...bonita... flora)
Tom Sawyer
Dartacão e dartagnan (versão tarduzida)
Bia (B e á Be é babe, ...)
Les Aventures de Tintin
Heidi
leves reminiscências de Marco
Médico que entrava no corpo humano e reconhecia as células (em francês com legendas)
He-man e Shira (I have the power of gracekul)
Abelha Maia
Pantera Cor-de-Rosa

aquela cativa

Tenho duas alternativas: ficar cativa ou libertar-me com o custo associado a essa decisão.

Se ficar cativa mais cabelos brancos, mais desmotivação, mais desespero, mais conversa mole, mais desabafo duro, mais desconfiança, mais distância, menos realidade, mais ficção, mais confusão, mais ignorância, mais arrogância.

Mas também mais jantares, mais viagens, mais sapatos, mais curso, mais cabeleireiros, mais unhas, mais cedo ou mais tarde caso, mais campera, mais saldos, mais cinemas, mais teatros, mais sala, mais computador, mais ratos, mais fotocópias, mais impressões.

Se me libertar, menos tudo o que é mau e menos de tudo o que é bom…A escolha é difícil.

e mais uma semana...

Enquanto aqui estou, esperando que esta malangita da CML tenha algum agito – que não signifique agito por agito – mas agitamento estrutural, que faça cair das prateleiras os bonecos já mofados, bafientos e obcecados com os seus 50cm2 de poder, não vejo em lado nenhum conclusões, satisfações, investigações sobre aquilo que ainda há tão pouco tempo deu sururu.
Não que não goste do António Pedro – até simpatizo. Mais eu com ele do que provavelmente ele comigo – mas ajudem-me a perceber o que aconteceu com a malograda EPUL que continua a premiar o estado de latência e (inocência) de quadros, premiados, vitalícios; Que continua a distribuir gordos ordenados a (gordos?!?) administradores sem aumentar os funcionários de base. Que vai comendo todos os dias um bocadinho do meu imposto autárquico.
Digam-me também onde pára a sindicância. Digam-me já agora onde param os competentes, que há muito não os vejo, neste Portugal de anõezinhos, porque a nossa pequenez é adulta e a mesquinhice só existe nascida da sua própria consciência. Estou farta disto tudo. Sexta feira volto a jogar no Euromilhões.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

lá lá lá lálá


Aliás, o dia de São Valentim, faz-me lembrar o fim de ano… quando somos obrigados a ter de nos divertir a arranjar uma festa à pressa para ir senão… somos uns tristes ou pelo menos sentimo-nos assim, porque a sociedade assim nos impõe. Não recebi nada, não vou oferecer nada e estou ansiosa que chegue o Carnaval. Nesse, corro por gosto!

"Não sou rato, da cidade, nem do campo, nem do espaço"
"Topo Gigio, Topo Gigio, és um grande amigalhaço. Diz-me lá, que tipo de rato és?"
"Eu sou teu amigo e vivo no sotão de um estudio de televisão... e diz-me tu, que tipo de homem és"
"Eu toco piano e sou teu amigo do fundo do coração"

Valentinas e Valentões

Dia de São Valentim. Toda a gente diz que é uma pirosada, mas a verdade é que não há ninguém que não goste de ser lembrado neste dia. Seja por um namorado, marido, amante, amigo, pretendente incógnito ou outro qualquer. A verdade é que para qualquer pessoa, ou para quase todas as pessoas o dia instituído para namorar faz as mulheres lembradas se sentirem Valentinas e eles Valentões. Quem não se recorda do eterno casal enamorado Valentina Torres e o valentão Armando gama que cantava calorosa e apaixonadamente: Linda linda… esta balada que te dou. Embora intangível este presente entrou na vida de todos, numa altura em que o canal privilegiado de informação era a RTP – por ausência de concorrência – e todos os programas que transmitia que incluíam um rato que vivia no sótão de um estúdio de televisão (ai mamã). Nesse tempo deliciávamo-nos com o Topo Gígio e as suas conversas com o Valentão Gama, que como o outro Gama soube conquistar não só a Valentina mas, pelo menos o nosso ouvido que nos pôs, quase em uníssono a trautear:
Voz Aguda. “não sou rato, da cidade, nem do campo, nem do espaço”
Voz Grave “Topo Gigio, topo Gigio, és um grande amigalhaço”.
Eu prefiro a linda, linda, que provavelmente influenciou o tratamento curriqueiro que se partilha entre amigas e namorado “então lindinha”, ou “que tal linda?” tratamento este totalmente independente da fisionomia da intelocutora….
Enfim, valentins e valentonas de hoje e de todos os dias, “minhas lindas”, tenham um óptimo dia de São… e não se esqueçam, que vem ai o dia dos avós, o dia dos netos, o dia do não fumador, o dia de atar os sapatos, o dia de beber uns copos, o dia de Carnaval, o dia de entregar as declarações de IRS, o dia de fazer cocó coom força e por ai fora.
Xau lindos…

sobre outras coisas

Acabei a primeira parte de última fase do meu Mestrado. Não posso dizer que não seja Mestre, porque há luz dos novos conceitos de licenciatura, a minha, ao que parece, equivale a um Mestrado. Portanto, sendo, embora não me considerando Mestre, insisto em querer sê-lo duplamente, para poder dizer com a convicção dos antigos que falo ou escrevo com Mestria.
Embora cansada, não posso deixar de dizer que este esforço tem valido a pena, porque ao contrário da PG - um anos de aulas, repartido por três trimestres de avaliações intensivas - os conhecimentos adquiridos ultrapassam sobejamente o que até aqui consegui. Tirando do pacote algumas chachadas, que descreveria como manuais medíocres gráfica e pateticamente adaptados a númerosos slides de Power Point debitados por maus oradores, mal preparados e inconscientes do público presente, o saldo foi positivo e não posso deixar de notar uma consistência curricular que deixa de fora apenas finanças.
É por essa razão que me sinto satisfeita e mais ainda, que me sinto esperta. Fazia-me falta, há um tempo atrás, enriquecer a minha carteira de conhecimentos, o meu léxico e o meu leque de domínios. Por isso grito, qual grito do ipiranga -estou livre!!! ou pelo menos, quase...

só para terminar...

ainda sobre o aborto, não podia deixar de dizer que tenho visto tanto, cruzo-me com tantos durante o dia que... é uma pena que não tenha sido liberalizado há mais tempo... eventualmente seriamos todos mais felizes...

o aborto

Ganhou o sim, e eu não festejo embora tenha votado sim. Por duas razões não festejo:

1. porque não se festeja uma coisa que deve ser óbvia, é como dizer vamos festejar não entrar droga nas prisões, ou vamos festejar que se tem de pagar o IRS ou vamos festejar que o tribunal Constitucional obrigue os políticos a declarerem os rendimentos e seja consequente com aqueles que não só ultrapassam os cargos legais para o fazerem, como se recusam a faze-lo. Isso não se festeja, como não se festeja que, se todos concordamos que as mulhres não devem cumprir penas realizando abortos nas 10 primeiras semanas de gestação, então a lei que se adeque.

2. porque abortar é feio, porque é doloroso e porque não credito que algúem se mova a fez-lo sem que tenha razões muito fortes.

Por isso não festejo, nem congratulo. Não fico contente. Acho, simplesmente... normal.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

ainda aborto

Como cidadã sem vínculo político queria colocar algumas questões que em consciências, a mim e a uma conjunto alargado de pessoas com as quais privo, nos fazem tender o voto para o sim:
Não será ignorar as mulheres que são pontapeadas na barriga, ou empurradas de escadas para realizarem abortos "espontâneos" em aldeias recônditas no interior do país?

Não será ignorar a evidência que se existe o aborto clandestino, este continuará a existir e as piores "casas" que o realizam continuarão a faze-lo sem serem responsabilizadas quando este não corre bem? quando há complicações posteirores?

Não será a realização do aborto uma mal inevitável que presistirá, legalizado ou não, como a prostituição, a venda de produtos ilícitos, etc etc.

Acreditam que os movimentos que se têm revelado pelo Não não continuarão a ter um papel, cada vez maior, sendo aprovada a lei, de dissuadir as mulheres a realizarem o aborto, e só em último caso terem de optar por esse caminho?

Não será uma hipocrisia o que aconteceu até agora a quem realiza aborto - uma mulher que tem dinheiro pode assegurar faze-lo com todas as condições e uma que não têm arrisca-se a faze-lo sem segurança e sem responsabilizar os intervenientes?

Não seremos nós a tentar impor uma política de natalidade quando nós não somos o legislador nem o estado e vivemos num país com os piores salários da europa, a gasolina mias cara da europa, as casas mais caras da europa, a qualidade de vida pior da europa, a produtividade pior da europa, o crescimento pior da europa?

Não serão muitos dos mandatários do sim, pessoas desligadas da realidade do interior do país, onde há quem morra porque provocou "desmanchos", porque tem de trabalhar no campo para sobreviver. Porque não estudou porque a escola ficava a 30 km de casa. Porque a cultura não chega lá. Porque não têm nomes sonantes nem berços vibrantes. Porque lhes faltam dentes e mal sabem escrever. Porque não percebem uma palavra de inglês. Porque há vergonhas de comprar preservativos. Porque se tem optar entre os preservativos e a carne.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

a minha fase proverbiana...

Estou numa fase proverbiana pelo que passo a citar alguns que são do povo , como eu...:

"Voz do povo, voz de Deus" (sondagem)
"A espada e o anel, segundo a mão em que estiverem." (Os incapacitados...)
"A cadela, com pressa, pariu os cachorros cegos." (O que lhes aconteceu...)
"Vem a guerra, vai a guerra, fica a terra."
(nós e eu)

"A primeira, qualquer cai. À segunda cai quem quer" (a tentação...)
"A razão e a verdade fogem quando ouvem disputas." (aos partidos)
" Amigo que não presta e faca que não corta: que se percam, pouco importa"
(o meu conselho)

"As obras falam, as palavras calam." (o que eu aprendi)
"As palavras voam, a escrita fica." (quem sabe... sabe...)
"Mais vale um que saiba mandar, do que cem a trabalhar" ( e não aprendem...)

DESPENALIZAÇÃO

Permito-me aqui dizer que sou absolutamente favorável à despenalização do aborto que agora está em causa.
Entendo todos os argumentos do Não e dos movimentos que lhe dão voz e, se há coisa que mais me transtorna, me incomoda e me deixa triste, é imaginar o que deve ser fazer um aborto. Abortar uma gravidez deve constituir para a mulher uma das maiores dores na alma. Uma espécie de auto-flagelação voluntária, que marca e marcará para sempre.
É por essa razão, e por acreditar na tese de Rousseau, que não tenho dúvidas que, mais ou menos conscientes, qualquer mulher é contra a realização de um aborto. É por essa razão que acredito nos Movimentos que existem, e cada vez mais devem existir, para dissuadir as mulheres a realizarem-no. A apoiarem a sua opção de manter a gravidez, por muito indesejada que seja. É por essa razão que acho que manter a gravidez deva ser a primeira opção.
Mas existem outras que não estão legalizadas.
1. Existe outra, que é o aborto. Numa cave escura, com uma parteira mal preparada que não se responsabiliza se o acto correr mal, porque perante a lei, ela não existe e porque denunciada, o crime seria partilhado.
2. Existe mais uma, que vai continuar a existir e fica a 200 Km de Lisboa e só lá chega quem pode.
Penso que a despenalização trará várias vantagens e não será mais do que mais uma opção: "se eu fizer aquilo que hoje já posso fazer, então posso faze-lo nas condições em que devo fazer. Se não correr bem, não tenho de me trancar em casa e esconder-me no meu silêncio envergonhado – que será sempre – dos médicos e dos hospitais. Vou poder denunciar e responsabilizar quem não está devidamente credenciado para o fazer. Posso evitar os pontapés na barriga que o meu companheiro me vai dar para ter um “desmancho” ou posso evitar a queda de dois vãos de escada abaixo, com o apoio e o acompanhamento devido. E quem sabe, se despenalizando, essas associações que a maioria de nós não sabia que existiam, não estarão mais próximas e me darão uma outra alternativa quando eu já não acredito ter mais nenhuma senão uma cave escura, um pontapé, umas escadas ou uma intoxicação por comprimidos que me poderão matar.
"

a promiscuidade do meio

Depois de uma curta ausência senti a necessidade de regressar, li um artigo do Vital Moreira no público, cuja origem é a Lusa. Amei a sua intervenção no debate sobre a DESPENALIZAÇÃO do aborto nos Prós e Contras e a argumentação que cala qualquer interlocutor. Não vale a pena insistir em elogios porque, até me sinto ridícula tecê-los a tão ilustre pessoa.
Reza o tal artigo:

"Vital Moreira condena que um jornalista saia de assessor do Governo e comece a escrever artigos de opinião sem que nada aconteça"
Audiência parlamentar sobre a comunicação social
Vital Moreira afirma que há promiscuidade entre jornalistas e governos
Lusa
04/11/2004
O constitucionalista Vital Moreira afirmou hoje que existe uma relação de promiscuidade entre os jornalistas e os governos e defendeu a necessidade de uma entidade reguladora para fiscalizar a actividade dos profissionais da comunicação social.


"Faz-me imensa impressão que um jornalista saia de assessor do Governo e comece pouco depois a escrever artigos de opinião sem que nada aconteça", referiu o docente da Universidade de Coimbra, durante uma audição parlamentar promovida pelo PS sobre a comunicação social.Falando após os jornalistas Joaquim Vieira, Inês Pedrosa e José Pedro Castanheira, Vital Moreira defendeu a necessidade de haver "regras" que obriguem um jornalista que tenha sido assessor de um governo a "ficar de quarentena".


Concordo inteiramente. Mas mais me choca a possibilidade de um tipo abandonar cargos francamente relevantes no Governo e imediatamente poder ocupar lugares de topo em empresas cujo objecto, o lugar que ocupava tutelavam. Ou poder aceitar convites de empresas privadas onde o ministério a seu cargo viabilizou negócios… e se não o ministério a seu cargo, outros ministérios seus pares, porque, como diz o povo: uma mão lava a outra e as duas lavam a cara. E no caso de assessores e jornalistas, estamos a falar de quem tem por vezes dificuldades grandes de reinserção social, porque não faz parte da rede de quem viabiliza negócios ou distrivbui emprego – vulgo ganhar favores. Falamos, sim, de quem aceitou, eventualmente, uma oportunidade de conhecer o outro lado e ficou com uma visão limpída sobre a obscuridade do meio. Mandatado ou não, julgo que as regras da promiscuidade deveriam ir muito mais longe.