Não és tu, sou eu...
Ontem vi este filme argentino, nas cadeiras empoeiradas pela falta de uso do Cinema Palmeiras. Não és tu, sou eu, é um clássico. Uma pérola. Fala da história que quase toda a gente que eu conheço, num papel ou no outro, já viveu.
Um namoro perfeito, mais ou menos estabilizado. Resolvem emigrar. Ela vai poucos dias mais cedo e lá tem à espera uma família amiga dos seus pais.. consegue uma entrevista de trabalho para o mais que recém marido, um emprego e vai de fim-de-semana. Afinal de fim-de-semana só foi ela e o amigo do pai. O resto da família continua em Miami. Poucos dias depois, em conversa telefónica, já ele tinha libertado o apartamento, deixado o emprego e estava a escassas horas de embarcar ela pede-lhe que não o faça.
Afinal estava confusa e achou que tudo poderia ser uma precipitação. Ele fica na mais profunda tristeza. Regressa a casa dos pais. Não encontra qualquer razão para viver senão ela, a Maria. Torna-se maçador a tentar perceber o porquê. Perde a concentração. Perde a dignidade. Perde o emprego definitivamente por erros que não se permitem a um médico cirurgião. Quando começa a tentar levantar-se já não sabe como se volta ao mundo dos vivos. Age como um adolescente. Até que o acaso o leva a reencontrar um novo entusiasmo. Vai-se recuperando pouco a pouco e o meses passam. Finalmente, o seu sogro está às porta da morte e Maria regressa. ele vai busca-la. Ela pressiona a voltar. Quer recuperar tudo o que perdeu. Já não há amigo do pai, não há Miami, não há nada. Sente falta da casa deles, sente falta do mimo, do cheiro de tudo. Ele ainda hesita, mas percebe que aquela já não é a sua casa. E aposta num novo caminho.
Eu já fui o Javier, e já fui a Maria. Já vi nuances diferentes da mesma história. Já vi Marias que foram recebidas e que tudo voltou a ser quase como era.
Já vi quem acordasse a chorar, viver a cafés e cigarros, penasr que tinha "esgotado a capacidade de amar"... enfim... Já vi também precedentes que se abriram e que nunca mais se sararam. Mas garanto que todos os finais são possíveis.
Se eu fosse ela nunca teria ido.Ensinou-me a vida depois de ter estado lá...mas embora Maria... o meu filme é outro!
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