quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

a promiscuidade do meio

Depois de uma curta ausência senti a necessidade de regressar, li um artigo do Vital Moreira no público, cuja origem é a Lusa. Amei a sua intervenção no debate sobre a DESPENALIZAÇÃO do aborto nos Prós e Contras e a argumentação que cala qualquer interlocutor. Não vale a pena insistir em elogios porque, até me sinto ridícula tecê-los a tão ilustre pessoa.
Reza o tal artigo:

"Vital Moreira condena que um jornalista saia de assessor do Governo e comece a escrever artigos de opinião sem que nada aconteça"
Audiência parlamentar sobre a comunicação social
Vital Moreira afirma que há promiscuidade entre jornalistas e governos
Lusa
04/11/2004
O constitucionalista Vital Moreira afirmou hoje que existe uma relação de promiscuidade entre os jornalistas e os governos e defendeu a necessidade de uma entidade reguladora para fiscalizar a actividade dos profissionais da comunicação social.


"Faz-me imensa impressão que um jornalista saia de assessor do Governo e comece pouco depois a escrever artigos de opinião sem que nada aconteça", referiu o docente da Universidade de Coimbra, durante uma audição parlamentar promovida pelo PS sobre a comunicação social.Falando após os jornalistas Joaquim Vieira, Inês Pedrosa e José Pedro Castanheira, Vital Moreira defendeu a necessidade de haver "regras" que obriguem um jornalista que tenha sido assessor de um governo a "ficar de quarentena".


Concordo inteiramente. Mas mais me choca a possibilidade de um tipo abandonar cargos francamente relevantes no Governo e imediatamente poder ocupar lugares de topo em empresas cujo objecto, o lugar que ocupava tutelavam. Ou poder aceitar convites de empresas privadas onde o ministério a seu cargo viabilizou negócios… e se não o ministério a seu cargo, outros ministérios seus pares, porque, como diz o povo: uma mão lava a outra e as duas lavam a cara. E no caso de assessores e jornalistas, estamos a falar de quem tem por vezes dificuldades grandes de reinserção social, porque não faz parte da rede de quem viabiliza negócios ou distrivbui emprego – vulgo ganhar favores. Falamos, sim, de quem aceitou, eventualmente, uma oportunidade de conhecer o outro lado e ficou com uma visão limpída sobre a obscuridade do meio. Mandatado ou não, julgo que as regras da promiscuidade deveriam ir muito mais longe.

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