terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Coisas curiosas. Ontem à noite estive a ver o filme “Antes que Anoiteça” com Javier Bardem a interpretar com um fulgor quase inigualável o papel de Reinaldo Arenas. Não conhecia este escritor cubano. Hoje acordo com a notícia que Castro renuncia o poder em Cuba.
Estive me Cuba como tantos finalistas de curso, em 2001. Na altura pensávamos que podíamos saber mais do que os outros, não fossemos alunos de Comunicação Social. Que entravamos nas casas deles (cubanos) para fazer tranças, para jantar e iríamos arrancar lágrimas e lamentos provocados por anos a fio, no silêncio de um regime obsoleto. Quem sabe confissões surdinas. Fiquei com a nítida sensação que esperavam alguma coisa.
Pacientemente esperavam uma revolução silenciosa que os tirasse de uma miséria imposta pelo bloqueio, uma desigualdade intelectual, eventualmente por eles mantida. Fui perguntando a quem foi depois de mim como estava Havana.
Li, este verão um artigo sobre como Varadero se transformou numa colónia balnear para senhoras de meia-idade, que vão lá buscar o sol, a música, na maioria indiferentes à razão de ser das coisas. Acho que isto é inevitavelmente o começo de qualquer coisa.
O filme, por outro lado para além de me deixar a pensar, clarificou-me ideias confusas sobre o regime. A opressão, a perseguição. Que nostalgia.

E nós, em regimes tudo-incluído, a beber Mojitos e esticados em espreguiçadeiras a ver tudo à nossa frente...

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