sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

A despedida MB

Amigos, amigas, estimados clientes, utentes, companheiros , and so ión, ando so ión...
Este poderia ser um manifesto político-partidário, ou um escrito de casa de banho, ou uma nota num papel de mesa - que a minha irmã tanto aprecia - ou uma página de um diário, ou outra coisa qualquer. Não é. Preparem-se. Sentem-se e prestem atenção, estimados visitantes - se é que alguém consegue aguentar este tipo de conversa - Vai dar molho! (tenho esperança que com esta tenham ficado). Estamos a falar do finzinho de 2005 ( gostaram fofinhos?) e perguntam-se, finzinho porquê? Porque estamos no último dia do mês, dahhh!?! E eu não iria para Sagres - e tanto há para dizer de Sagres - sem deixar aqui o meu tributo, imagine-se - a mim mesma. Sim, a mim mesma que na verdade sou quem escreve, quem lê, quem corrige, ou não e quem disfruta deste lindo poder que é partilhar.
Bom, vou para sagres dentro de algumas horas e levo no bolso um livro que a minha irmã tem no quarto sobre as resoluções para o ano 2000. Acho que são intemporais e estarmos a passar para 2005 dá no mesmo. Saúde, sorte, alegria, trabalho, dinheiro, amigos e blá blá blá... Não vou falar disso agora para não deprimir antes de tempo, guardo isso para a viagem onde vou ter quatro companheiras de estrada e três desta vida para embirrar, mas tenho algumas coisas para dizer... senão... rebento.
Se este ano foi mau, prevejo o pior para o próximo. Se este ano foi de ilusões, o próximo só pode ser a brincar, pura ficção, se este ano foi de desatres, o próximo só pode ser de falências, se este ano foi de desilusões, o próximo só pode ser de fugas. Valha-nos o Bolinhas, que vem a caminho. a próxima Niki, que chega no sábado.
Mas este ano não foi mau. Por acaso até nem foi. À execpção dos muitos cabelos brancos que se espetaram no "cucuruto" da minha carapinha, até foi muito bom. As coisas que eu fiz, que vivi, as coisas que eu e o meu Joanete - e só sabe quem conhece - conseguimos, a casinha de Vila do Bispo, as nossas poupanças, o meu emprego, o Contacto dela sei laá, margarida Rebelo Pinto! tantas coisas boas. Nasceu a Madalena, o bolinhas também já vem a caminho e a mana Rita tá para ficar. Livrei-me de uma relação doentia, que afinal era a brincar, não lutei por quem achava que valia a pena lutar mas que nunca tive coragem para o fazer, e tudo isso é obra do destino. Acho mesmo que é Deus a escrever por linhas tortas ou eu a escrever torto nas linhas. Este ano usei três aparelhos em simultâneo, já me livrei de dois e os meus dentes andaram 2 milímetros. Foi mau, queres ver? Comprei um Clio - que até acho bimbito - essencial para o andamento da minha vida. Mudei de inquilinos ilegais, quer dizer: e são legais; Mudei de emprego e tenho, de mim para mim, a ideia que tão alto não vou conseguir tão cedo - só na Deloitte, nas Torres de Lisboa. Terminei a inscrição no Holmes - finalmente- e inscrevi-me numa Pós Graduação que não consigo ir às aulas e estou contente com esta vidinha. O ano não foi mau! Ou, pelo menos, não foi péssimo. E se, como a Joana diz, o melhor de 2004 for o pior de 2005, então que venha lá esse ano novo. Uma coisa é certa, tudo vai mudar, ou não me chamo eu Maria Barreiro. E chamo mesmo. Ou Maria Alves, and so ión, and so ión...
Portanto, volto em breve para contar o que mudou. Mi aguardem!
MB (muita boa!)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

anti-Diário

Não aguento. Se não disser rebento. Amordaçem-me ou conto tudo. Se eu dissesse tudo o que me passa pela cabeça...
Falemos de cinema. Acabei de ver um filme chamado «O Diário da nossa Paixão» e tenho alguma curiosidade em saber se é baseado numa história real, ou não. Não foi a minha primeira escolha. Ia ver o o «Diário de che»?!? Creio que não é esse o nome mas com tanto diário, da Bridget, da Anne Frank, de Adrien Moll, da nossa paixão, que neste momento todos me aprecem diários em vez de filme.
Deixou-me bastante deprimida o final. Priemiro, porque é explícito logo a meio, antes mesmo do meio do filme, o que de alguma forma tira logo o suspense. Pior que tudo isso, é que a lição que nos dá, a nós, ferozes crentes no amor, é que Ele vence sempre. E se vence sempre já agora que acabe em harmonia. Não. Tinham de estragar tudo com a infelicidade de não haver um milagre, típico de uma ficção light - bem ao estilo telefilme de Domingo - que até dava gosto ao espectador. Em vez disso estragaram a história pela originalidade que quiseram por muito ao tipo "let's keep it this way " aproximado da vida real. Para dar realidade tinham posto aquele homem bonito a dar um pum, ou ela a desviar a cara quando ele lhe deu um beijo pela manhã, porque o mau hálito ao acordar é, meus amigos lamento dizer-vos UNIVERSAL e INTEMPORAL! Ou quem sabe outro traço da "real life" que não nos obrigasse a ficar com pena de tudo acabar "quase bem" e não totalmente bem.
Se virem o filme, digam-me só se não concordam. Já que há casos que nos fazem acreditar que o amor vence tudo, já agora que tenham finais felizes e perfeitos.

Mary, christmas!

Mary,
Escrevi porque estou com saudades tuas, das nossas graçolas, das nossas piadolas, das nossas larachas e coisa e tal! A gente já não se vê há um tempo, nem sei bem há quanto, mas há um porradão dele. Perguntas-me o que tenho andado a fazer? Pois é, acertaste como sempre, é isso mesmo, mais coisa menos coisa, tenho mantido na forma do costume. Se a malta cá veio. Bom, vai vindo não é! É conforme. Às vezes sim, às vezes não, volta não volta aparece, mais uns que outros... mas não me queixo. Se me queixasse também quem não aparecia era eu, com este problemas todos, e as coisas a acontecer e a gente a olhar e é vê-los passar. E por falar em passar isto passa é tudo a correr, vê tu lá que inda ontem era tudo novo e como a gente se pôs! Passa depressa sem a gente dar por ela, é como o outro, mas a mim dá-me igual. Bom não te maço com mais novidades, desculpa qualquer coisinha e um abraço para todos.
Ps: Desculpa aí se me esqueci de alguém, mas é a tal coisa... enfim, felicidades.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

Jokinhas, Jinhos e Jokas

Há expressões que escritas têm um impacto totalmente diferente de dita. Por exemplo: “Jokas lindona”!
Hoje não me sai da cabeça a expressão “Jokas Lindona” e tenho feito de tudo para criar oportunidades para a utilizar.
Pior! Suspeito que da maioria das vezes que a emprego, os interlocutores têm mesmo acreditado que a utilizo normalmente.
Não utilizo. Arrepiam-me os “Jinhos”, as “Jokas”, as “Jokinhas”. Como também me arrepiam os diminutivozinhos - exemplo: “Fofinha! Coisinha, dá ai um jeitinho!” ou “Já preparei o jantarinho e agora falta temperar a saladinha”. Ou “Que camisinha tão queridinha”.
Irritam-me porque me irritam, sem razão específica, apenas porque sim. Mas há outra razão para evitar usá-los. Por exemplo se estivermos a falar com alguém cujo nome acabe como diminutivo – e volto eu ao meu querido Agostinho – essa mania do "inho" cairia no ridículo. Para parecer mais queridinha, como as lindonas desta vida, teria de trata-lo por Agostinhozinho. E já agora, num cenário de intimidade imagine-se dizer, “Chega para lá essa pilinhazinha, seu malandrinho.” Deprimente. E deprimente, sobretudo, para ele, porque o desgraçado sentiria que o tamanho não seria o seu forte e que ela estaria com a cabeça num “arroz malandrinho”, quiçá a acompanhar “jaquinzinhos” ou melhor “jaquinzinhinhos”.
Mas voltando ao meu dia, se me irrita ouvir da boca dos outros, estou fascinada com a utilização abusiva das expressões. Mensagens, telefonemas, conversas, em todas as situações possíveis tenho aproveitado para dizer: Jinhos Lindinho, Jokas lindão ou Jokinhas lindona! E confesso: SABE-ME BEM! É como um acto de rebeldia. Imagino que o efeito para mim seja o mesmo que para uma freira a dizer asneiras, ou uma virgem dizer orgasmo, ou a minha mãe dizer merda!
Não sei o que é que me vai acontecer. É possível que isto seja o início de um processo que desemboque em loucura, mas para já vou aproveitando ara me satisfazer, gulosa!
Jinhos, Jinhos e jokas lindões! E já agora fique a saber que ele é um porreirinho, muito fixe, tá? jnhs

quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

Jantares de Natal

Ai jasussss! Diria o meu rico avozinho, homem do Norte, um tipo com sorte! Não consorte – esse é o Zé e é de Castelo Branco. O meu Agostinho ficava nervoso se soubesse que numa semana ia sentar o seu rabito, branco e molinho, da idade, em quatro cadeiras de restaurantes diferentes.
Eu, pelo contrário, fico histérica a pensar nos pelo menos quatro presentes de 5 euritos que me vão calhar nas várias trocas de presentes.
Fico satisfeita por reencontrar as mesmas pessoas com as quais passo a maior parte dos meus dias. Estes jantares são invariavelmente organizados pela malta do 12º ano, pela malta da faculdade, pela malta da rua, pelas amigas do ballet, pelos amigos do fim de ano, pelo pessoal da pós graduação, pelos colegas de trabalho, pelos colegas do antigo trabalho e pelos amigos do workshop de fotografia. Depois há os almoços, que geralmente são com as melhores amigas do trabalho, com as melhores amigas da ginástica, com os melhores amigos do liceu, com os melhores amigos da pós graduação e com os ainda amigos de infância.
Restam ainda os cafés, quando não podemos ir aos restantes jantares - porque calham sempre em cima dos jantares marcados mais cedo: com os melhores amigos do namorado, com os melhores amigos da irmã, com a família do namorado, com o lato grupo de amigos dos pais, com os tios que não vão estar connosco no Natal, com uma amiga que aproveita a ocasião para inaugurar a nova casa, ou outra que já revelou as fotografias do casamento ou outro qualquer que agora não me lembro.
Em todos eles convém levar «qualquer coisita». Não precisa ser nada de especial, mas uma lembrança unisexo, entre os 3,5 € e 10€ é essencial. Não vá o diabo tece-las e ficarmos com «o-rabo-entre-as pernas» quando alguém sacar do saco mágico e disser: Tenho uma coisita para ti! Não é nada de especial, é só uma lembrançazita!
Também em todos esses momentos convém levar o estômago mais ou menos vazio, porque, de uma forma geral que m os preparar, ou escolhe locais onde se serve bem, ou faz em casa onde se come ainda melhor!
Finalmente considero aconselhável guardar algumas remessas de euros para estas últimas semanas, imediatamente anteriores à quadra – não sei porque se chama quadra e se alguém souber agradecia que me informasse - porque elas razões acima indicadas, mesmo quando não se consegue ir ao jantar, a conta pode calhar-nos…parcialmente!
Já no ano novo, podemos esfregar as mãos de contentes com o telemóvel a gritar de minuto em minuto, estranhos hieróglifos a desejar Feliz Ano Novo e a tentar montar uma imagem de uma árvore de natal ou fogo de artifício… isso mesmo, artificio. Valha-nos o fogo quentinho da lareira, os pais, as manas, a Laura e o meu Agostinho!

Net net santa...net!

É a melhor forma de fazer de conta que escrevo para uma audiência certa, que, presumivelmente até me lê, mas não ainda não cheguei ao estatuto Pacheco Pereira... "Mi aguardém". "Cheguei, pra conquistar o mundoooo! a vida é assim, e nunca é djimais e o qui você falô, não vali mais nádá! Pega, brinca leva qui é dji gráça...". Não está mal escrito, mas a ideia é que se eia em brasileiro.Heloooou! É uma músicaa!!!
Voltando ao início, ao propósito que me trás aqui, ultimamente recorrentemente - e peço desculpa pelos advérbios - queria só dizer 3 coisas: (Tipo Paulo Portas)
1. Ninguém vê a minha cara, sabe quem sou e, se souber, tant mieux. Faço-o de espontânea vontade e não sob qualquer tipo de pressão - salvo a dos leitores, público maravilhoso!!!
2. Não tenho qualquer tipo de imposição editorial. Eu própria crio a minha linha, meço os meus passos e demoro o tempo que quero a tomar as minhas decisões. Não faço promessas... da tanga ou mesmo sem ela, e imagino-me a passar férias pagas numa ilha paradisiaca por um patrocínio qualquer quando decidir aceder aos milhares de convites que chovem, implorando-me para publicar um livro light dos meus pensamentos... ou exepriências... ou outras coisas que vocês sabem que eu sei e que não vou dizer... pela simples razão... lá está, que nao me apetece!
3. Se ganhar, é porque votaram em mim. Ou porque tive sorte e porque eles, esses malvadões, só fizeram asneira... os de sempre. Agora, para já ando sozinha, o que não invalida que no futuro.... enfim, o futuro a deus pertence. Mas vou-me mantendo e assim não ando a chatear as minhas amigas nos cafés sobre tretas que só a mim me interessam, ou pelo menos que só escrevendo - assim, mal e porcamente - saem da forma que eu gosto - mal e porcamente!

Como diz um amigo meu, amigo de todos nós:
«Adiante iremos, na estrada nos encontraremos!»

HÁDES CÁ VIR -diria o outro e assim, com a benção casará, ou não seria democrata cristão!
Té mailoguinho!!!!
Para isto é boa a Net, é boa não é????

terça-feira, 14 de dezembro de 2004

É hoje, É hoje!

Logo às 20h30 num hotel em Lisboa. Parece um convite algo suspeito, mas não é! Francamente vem-me à memória uma frase que o povo - como eu - diz: Tanta merda para um cagalhão. Que, também é como quem diz: A montanha pariu um rato! Não sou fã de provérbios mas é o que me invade a imaginação quando passo tantas horas a ouvir falar do mesmo. Ou vão juntos ou não vão. E então? Isso muda muito? Não muda nada! Quem os queria juntos, vai continuar a querer, quem os queria separados vai continuar a querer. Quem nem sequer os queria, também não tem nada com essa decisão. Mas as rádios e as televisões insistem em perder tempo de antena a abordar a questão, recorrente e maçadora cada vez que surge, sob forma de suspeita ou mera especulação, de meia em meia hora. Tempo esse, que seria tão útil a explicar as pedras basilares da diferença de esquerda e direita ao seu público. Parece-me muito normal que em duas semanas, depois de anunciada a dissolução – que nos apanhou a todos e insisto, a TODOS DESPREVENIDOS – que os partidos, sejam eles de que ala forem, precisem de tempo para pensar se seguem juntos ou coligados. Quem tem uma consciência cívica definida vai votar em quem ia antes. Ou não. Mas é um acto solitário, em consciência. Eu sei, perfeitamente em quem vou votar, mas... sou suspeita!
A verdade é que isso também não interessa à maioria das pessoas. Pode irrita-las a falta de respostas, porque a Comunicação Social obriga-as a exigirem essas respostas, mas o que lhes interessa mesmo é saber é o resultado das eleições. Quem é que vai ser o «espelho» delas, porque é isso que é o Primeiro-Ministro, o espelho do centro, da maioria, dos portugueses – em sentido lato! Bom, mas voltando à montanha, ao rato e ao cagalhão, porque o tema anterior não interessa nada a quem perde tempo a ler estas páginas e a mim própria na próxima semana, que já vou ter outro assunto para me entreter. Podia acabar assim, o Rato subiu à montanha, com a barriga inchada, convencido que era gravidez. Ia parir pela primeira vez. Toda a comunidade "ratistica" festejava o ansiado nascimento do pequeno rebento, pequenino, indefeso, no cume. O Rato, que neste caso era uma Rata – óbvio, é por ai que saem os bebés... dahhhh – fez força. Insistiu. Ficou com a cara encarnada, mas a barriga não descia. Estava dura.... De repente sai um bocadinho de sangue. Pensou que era a nova cria a querer sair para o mundo. A Rata estava eufórica. Aquelas gotinhas no chão. Insistiu mais um pouco, e as veias do pescoço acusavam esforço, inchadas, a saltar. No limite das suas forças conseguiu. Mas algo de estranho. Uma amálgama castanha tomava forma no chão. Era um Cagalhão. Do cume da montanha, a última coisa que se ouviu foi «Merda!»

segunda-feira, 13 de dezembro de 2004

OH DIABO!

OH DIABO!
Oh diabo, a coisa tá mal, tá! E saber que eu até... Ta..da.. gaxa! Cum camandro, cum caneco... Atão não e que foi mesmo? e eu a pensar que... cus diabos... oh larecas!!!!
Chiça... penico! tábem tá... pirate! ai não!!!!! e assim vão as coisas. Ele há com cada uma que até parecem duas... ou três... ou mais até. Vai lá vai...

Ass: Narana

sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

A pedido dos leitores!

SUAVEMENTE, tentou afastar as mãos que separavam os corpos. Uma mania dela, em recolher os braços para não se sentir pressionada contra ele. Mas a respiração misturava-se e o pulsar dos corações ganhou compasso. Os narizes começaram a tocar-se e a pele áspera dele roçava na suave, dela. Num rasgo conseguiu afastar de vez aqueles dois braços e apertou-a com força contra o seu peito robusto. De repente ela perdeu toda a fora e deixou-se ir, embalada, pequenina. Sentia-se sempre assim cada vez que a abraçavam com força, protegida. Por isso, invariavelmente envolvia-se com homens robustos, musculados de corpos delineados e feições duras. Esta era mais uma vez, e sempre que era mais uma vez não era apenas mais uma mas A VEZ, porque também se apaixonava a partir do momento em que se envolvia com nova presa, ou ela mesmo era presa. Trocaram beijos, que foram ganhando intensidade a cada instante. Sem se aperceber passou a ser ela a envolvê-lo com avidez.
A partir daquele momento passou de menina a mulher e ele de protector a protegido - como um bebé no colo da mãe. Os seus braços passaram a dominar o corpo dele num crescendo.
Passou as mãos pelo peito peludo, másculo, dentro da camisa. Instantes mais tarde, fê-las deslizar no pescoço chegando ao cabelo que agarrou com força e puxou para trás, segurando a cabeleira farta com os dentes.
Espanto. Admiração. Nojo!

Ficou com o capachinho agarrado à dentadura! Beijos!

PS: Agradecemos o apoio às Edições Harlequim. Obrigada. FM

Ele há coisas!!! Não lembra ao Careca!!!

O desgraçado do Careca tem o dever de se lembrar de tudo.
Ele há coisas... que não lembra ao Careca!
É do Careca que elas gostam mais. O Careca não tem culpa é a sua profissão. Bom, o coitado do Careca - se é que é mesmo Careca - aparece em tudo o que é conversa.
E daqui saltaria para o Beltrano, mas essa conversa tem sabor a deja vue!
Assim, não resisto a mostrar a minha alegria quando uma «daquelas» amigas que são amigas, mas não vemos há mais de muito tempo apesar dos cafés e promessas de jantares e encontros que nunca acontecem, me ter respondido a um dos textos deste modesto blog.
E quem diria que o TIM, dos XUTOS E PONTAPÉS se chama António Manuel Lopes dos Santos nasceu no Alentejo e cresceu em Almada???
ELE HÁ COISAS....Não lembra nem ao CARECA!!!!
Graci Ritinha!!!!

E junto a resposta com mais informação:

Olá miga amiga!
Estive a ler o teu blog! Não te surpreendas porque às vezes vou lá dar uma espreitadela... é como se estivesse numa conversa contigo... ou para te rever... coisa que fisicamente parece impossível ;))))
Não me querendo alongar muito, fica só aqui a dica sobre o apelido do Tim! Cá para mim a tua dúvida acerca do nome dele era um estilo de escrita, era uma metáfora, whatever... mas para veres como te quero bem e informada... here it is.
António Manuel Lopes dos Santos nasceu no Alentejo e cresceu em Almada. Aos 19 anos fez 3 escolhas: o curso de Agronomia, o Conservatório para aprender contrabaixo e juntou-se aos Xutos & Pontapés. Passados 25 anos, Tim é o emblemático vocalista desta banda.
Um beijinho,
Feijokinha

terça-feira, 7 de dezembro de 2004

Bom dia?

Terça-Feira, 7 de Dezembro de 2004 Querido Diário hoje não é nenhum dia especial, ou melhor, ainda não é um dia especial (são 11 horas da manhã) e resolvi escrever-te cedo porque estou fresquinha, com Lisboa. Lisboa tirita 11º e o meu nariz moreno está encarnado. Cheguei ao meu trabalho há pouco e ainda só li os jornais. Banalidades destrutivas que já me deixam indiferente. A classe que também é ou já foi um pouco minha tem a capacidade de suscitar reacções. A mim não suscita, sou demasiadamente compreensiva. O sol espreita na Estrela, atrás da basílica e quase chega cá abaixo. Não entra pela minha sala, mas vejo-o a bater na ainda residência. O inquilino deve vê-lo. Preparam-se dias longos. Preparam-se densos combates. Preparam-se pessoas, palavras, estudos, canções e promessas. Que chatice. Voltar a prometer. Despertar sonhos em pessoas que têm a certeza que nada se concretizará, pelo menos em tempo útil que as suas vidas, na generalidade já curtas possam desfrutar. Sobre isto não me apetece dizer mais nada. Aliás vou fechar esta página a começar de novo. Não tem sido assim a minha vida toda?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2004

Estou fazendo amor...

Adoro esta canção dos Só Prá Contrariar - e estou apaixonada pelo vocalista. Aliás tenho uma tradição por me apaixonar por todos os vocalistas ou intérpretes, como a minhã irmã lembrou e bem que o Marco Paulo assume ser («apenas intérprete»), das músicas que mais me tocam.
O problema é que quase todas as músicas me tocam. E na assciação de músicas a acontecimentos, lá vou eu embeiçando-me por um Sérgio, um Jorge (palmas!!!!), um Fonseca, um Paulo, um Pais, um Pontápes (ninguém sabe o apelido do TIM) e por aí fora.
A minha mais recente paixão é um Pires, Alexandre Pires e temo que não vá durar muito, porque não tarda chega um Man (de Pac..) ou quiçá um novo ex-talento Faria etc...
Mas voltando à canção «Estou fazendo amor com outra pessoa, mas meu coração, vai ser pra sempre seu, o que o porco, perdão, corpo faz, a alma perdoa...» acho que tem uma moral muito importante.
E mais não digo porque não me apetece e acho que, apesar de ser complicada e ter muitas mensagens subliminares, o principal é facilmente discernível, compreensível, pelo menos percebe-se bem!
Bom, se pudesse pôr música deixava-vos embalados, mas como ainda não sei, deixo-vos com um grande abraço.
A sério, grande, apertado e um bocadinho imoral....

Rãs e Sapos e bacalhau com natas

Adoro rãs! E bacalhau com natas! E se pudesse "punha" a paz no mundo e dava comida aos pretinhos! e aos pobrezinhos também. E dava motas aos adolescentes e notas altas no secundário. E outra coisa. E o Fernando escrevia coisas tão giras, ora vê lá. Faz lembrar mochilas de ganga com sapos e rãs verdes cozidos nas costas. O máximo! E outra coisa, um penico que eu tinha quando era pequenina. Adoro rãs!

Todas as cousas que há neste mundo
Têm uma história,
Excepto estas rãs que coaxam no fundo
Da minha memória.

Qualquer lugar neste mundo tem
Um onde estar,
Salvo este charco de onde me vem
Esse coaxar.

Ergue-se em mim uma lua falsa
Sobre juncais,
E o charco emerge, que o luar realça
Menos e mais.

Onde, em que vida, de que maneira
Fui o que lembro
Por este coaxar das rãs na esteira
Do que deslembro?

Nada. Um silêncio entre jucos dorme.
Coaxam ao fim
De uma alma antiga que tenho enorme
As rãs sem mim.

Fernando Pessoa, 13-8-1933.

Amigo... pirosito, mas...

Amigo

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso

De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí, Escrupulosos detritos?)

«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,

É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,

Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O’Neill, in No Reino da Dinamarca

O poleiro

A Dona Amélia não aguenta mais ver estas aberturas de telejornais. No outro dia, quando eu saia de casa, já atrasada agarrou-me por um braço e disse «O menina tem de falar com os seus amigos da televisão. É que agora demora muito tempo para passar a novela. Passam o tempo a falar daqueles homens. Els querem é poleiro».
Esta expressão ficou gravada na minha cabeça e não consegui tira-la nem por nada... poleiro, poleiro, poleiro... E percebi tudo. Não tem a ver com os desempregados, porque o carro que o próximo comprar, que certamente com aquele ar picuinhas, não vai querer sentar o rabo onde o senhor de gel andou a roçar, não vai alimentar a boca de ninguém. A velhota vai votar, sem saber que o carro dava para viver o resto dos seus dias com dinheiro suficiente para os medicamentos... seus e do seu mardo e da viinhança toda daquela aldeia...
Coitadinha.... pode sempre pedir-lhe uma boleia. Imagino a velhota, com braço no ar e o polegar a apontar para o céu a dizer aquele senhor grisalho, que é uma simpatia e que decora tão bem os papéis a pedir boleia... para ir ao hospital. Ou então a uma jornalista da TVI.
«Agora Escolha» - RTP.

Coragem

Coragem faz-me lembrar uma peça de teatro cuja personagem principal era Eunice Muñoz. Foi a minha mãe que nos levou, a mim, às minhas irmãs e ao meu pai, como mãe de todos que é. Lembro-me que adorei, e associei sempre aquela imagem à da minha mãe, mãe coragem, que nunca chora, qu está sempre lá, com bom senso, com lucidez, com as palavras certas, com os conselhos mais certos.
A nossa mãe é igual a quase todas, com uma diferença, a melhor e a única que tenho.

DE VOLTA

Olá amigos, cheguei! Venho de novo cheia de saudades, entretida com o meu futuro ex-emprego. É uma expressão que me agrada, futuro ex-qualquer coisa! Agrada-me porque cada vez mais me apercebo que tudo na vida é temporário e pelo menos não tenho devaneios quanto a esse facto, para mim assumidíssimo.
O emprego é bom. O ordenado vai ser melhor, quando o receber… É a prazo e agora tenho a certeza disso, mas não tenho pena. Não de mim, tenho apenas pena, porque sei que essa temporaneidade nada tem a ver comigo embora ponha em causa uma série de coisas, pessoas, factos, acontecimentos, futuros acontecimentos, rumos, orientações e pessoas. Perguntar-se-iam se estou doida, ou se sou importante. Nada disso. Aliás, minto. Sou muito importante lá em casa. Adoram-me, os meus amigos. Ninguém dará pela minha falta. Mas se e sair é porque muitos saem. E saem porque os tiraram. E tiraram porque não aguentaram que alguém mexesse. Essa é a grande questão e não demagogia.
A demagogia não levanta questões, faz perguntas retóricas. As questões exigem respostas e as respostas precisam de ser estudadas... ou não. É mais fácil fechar os olhos e deixarmo-nos levar... como a anedota das "violadas". Se não consegues vence-los, encosta para trás e disfruta... Talvez...mas parece-me de extremo MAU GOSTO!

segunda-feira, 12 de julho de 2004

Ai Jesus, Senhor... Caannsaadoo!

Mais um dia sem fazer nada... este e mais 10 milhões que andam pra'i a fazer de conta. Não é que não lhes apetecça, mas foi do «piqueno almoço». Caiu mal, sabem como é? É que um gajo vai para o trabalho, cheio de fome assim que chaga à estação toca de afinar-se com uma sande e o galão. Compra o 24 horas e vai no caminho a ler. Já começa a ficar enjoado. Pra desenjoar assim que chega ao Cai'Sidré vai ao café, pede a bica e mastiga um rissol, qué pra entreter. Bom, vai a pé até ao trabalho e para no quiosque para comprar a Bola. Quando chega ao trabalho já são quase onze, porque fica lá em baixo a falar com o porteiro ou com a Marisa da recepção. Chega e vê o expediente, é tanta coisa, tanta coisa que nem sabe por onde é que há-de começar. Decide abrir a Bola e ver os destaques. Um gajo entusiasma-se e telefona ao colega da sala ao lado e a extensão fica ocupada. O patrão já não vai chatear e pode continuar tranquilo a discutir a legitimidade do penalti da véspera que deu a vitória aos dragões. O expediente fica prá tarde, que entretanto já são quase 12h30. Sai com o colega da sala ao lado e vão ao restaurante do costume, onde a malta habitualmente se encontra. Ficam lá até às 15 h00 e regressam a passos largos com um cozido no bucho. Tenta pegar no expediente, mas como o dossier é muito gordo manda de volta para o «apoio» com a seguinte nota: «Solicito mais esclarecimentos ao requerente» e volta a debruçar-se na bola. Liga para a mulher e pergunta se quer que passe no supermercado. Ela dá-lhe a lista das coisas. Vai à máquina buscar uma bica. Bebe a bica, fuma um cigarro desta vez com o colega da sala do fundo. Volta à sala e telefona para o economato a reivindicar mais folhas de papel, canetas, agrafador e marcadores fluorescente e... um x-acto (o puto está quase a começar o ano lectivo e assim dá menos nas vistas). Entretanto já são 16h45. Começa a arrumar a secretária.
Fecha a bola, passa pela sala do chefe e comenta o jogo da véspera. Sai com os colegas que o acompanham na viagem de comboio. Chega a casa e diz como quem desabafa:«Ai Jesus senhor... Cansaaado»!

Gentalha...

Viemos para vencer. A Casta! É assim, nascemos para o que nascemos e nada mais tenho a dizer sobre o assunto! O resto... fica subentendido. Parabéns àqueles que sabem que lhes estou a dar os parabéns, e mais parabéns ainda para «certas e determinadas pessoas»! Sim, certas e determinadas pessoas que continuam a ser quem são, a ser elas próprias e não mudam. Eu por exemplo, sou sempre eu própria! É assim, na nossa Casta. A Casta que vem do «Álvarez», que mais tarde passou a Àlvaro e há quem hoje conheça por «Alvarinho», para poucos «Varinho». Do cruzamento (possível por se tratar de uma outra Casta mas de regiões distintas) com a Barreiros - que vários historiadores atribuem ao lado sul do Tejo, mas que veio a provar-se que nasceu da mistura interessante de «Corgo» com o «Penedo», nasceu a verdadeira Casta. E mainada. Quem nos conhece sabe quem somos, quem não conhece provavelmente tem pena! A Casta, é sempre a Csata, mas não é Letícia nem outra babuseira qualquer. Sim, porque CERTAS E DETERMINADAS PESSOAS pensam que nos associamos a esse tipo de gentalha que aparece por aparecer, que diz coisas sem pensar nas consequências, nós, da Casta não! Nós, da Casta, enfim, deste restrito grupo de pessoas das quais nada mais digo, nem revelo, somos reservados. Continuamos a ser quem somos e a ser nós próprios! Não nos damos com essa GENTALHA!

segunda-feira, 5 de julho de 2004

Em 2º lugar!!

Já tinha algumas saudades de ir àquela casa, apesar da resistência a aceitar o convite do Gonçalo (no meu caso, TRI para os conhecidos)! A Susana insistiu quando equacionou a possibilidade de podermos continuar a desfrutar de sol durante mais um tempinho e arrastou-me. Cedi. Juntámos um grupinho que nos acompanharia fosse qual fosse o destino e às 19h30 estávamos a chegar a casa do Cafon - mistura real de D.Carlos com D.Afonso. Meia dúzia de «gajos» chutavam uma bola tentando –mediocremente – rivalizar com o pequeno Deco ou o atlético Cristiano Ronaldo. Procurámos o frigorífico para por a gelar cervejas e encaixámos no balcão da cozinha um caixote com batatas fritas, salsichas tipo Frankfurt e pão de cachorros, preparando-nos para o início da partida mais importante e para nós mais vivida de futebol.
Instalei-me confortavelmente num cadeirão junto ao «frigobar», do lado direito do televisor. A tónica era verde, encarnado e amarelo. Até as bochechas tinha pintadas.
O hino começou a ecoar e todos acompanhámos, de pé com um brilho nos olhos de esperança de uma vitória - salvo uma ou outra excepção que resistiu e enxovalhou-nos - Não ganharíamos nada, mas este partiotismo ocasional pode sempre ser prolongado, ganhando consistência e talvez até raízes. Com alguma expressividade e na tentativa de criar alguma envolvência e um espírito de grupo, àquele não-grupo, gritei «Portugal alé» e tanto insisti, acompanhada inevitavelmente pela parceira de goela, Suzete, que conseguimos por instantes côro.
Bebi três garrafas sorteadas de Super Bock, Brhama (?), Green, Pilsener, na primeira parte e cheguei a sentir o peso do álcool quando no intervalo fui parar à piscina num banho inesperado, mas saboroso. As calças justas, verdes, contrastantes com o encarnado forma para a máquina de secar...
Voltei à cadeira, enrolada num turco encarnado - a uniformidade cromática irritou-me, mas sem opção – mantive as cores da Selecção Nacional como se de uma superstição se tratasse - na segunda parte, agora com escassa esperança.
Já todos tínhamos uma quase certeza que não iríamos ganhar. Eu sabia que não ia ganhar nada. Não finalizamos (uma característica que partilho com a nossa selecção nacional) e portanto o mais provável seria assegurar um segundo lugar. Nem mais, esse já estava garantido e por aí ficámos com o «desgosto estampado no rosto». Ainda recebemos aquelas mensagens «tipo» de quem se tinha preparado para sair independentemente do resultado. Optei por voltar a casa, com a expressão do costume. Derrota previsível. Mas a culpa, desta vez, não é nossa, nem minha!

Mais... Sophia

Não conheci. Com muita pena, mesmo, não conheci. Li, com 8 ou 9 anos "O Cavaleiro da Dinamarca" e foi um dos primeiros livros completos que folheei com gosto sem procurar as gravuras. Página a página sorvi as palavras, conheci as personagens as descrições e li tantos poemas quantos os manuais escolares me oefereceram. Um verdadeiro prazer. Por isso deixo aqui o meu tributo. O filho irrita-me, mas a mãe esmaga-me.
Mais

Mais do que tudo, odeio
Tantas noites em flor da Primavera,
Transbordantes de apelos e de espera,
Mas donde nunca nada veio.



Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I

sexta-feira, 25 de junho de 2004

What a night...

À medida que vamos ganhando, vamos perdendo… visitantes. Há dias num café da baixa, dois trabalhadores da Função Pública – que dá para tudo, desde «almeidas» até Directores-Gerais – tagarelavam divertidos que o melhor era perdermos: «Já viste os Hotéis do Algarve? Se os ingleses perdem os hotéis ficam às moscas!» ou «os alemães também têm de ganhar!». Sim, sim... penso eu com os meus botões que observam dia após dia a debandada internacional das ruas pombalinas. Não me importo nada, porque também à medida que eles recolhem às suas terras, nós vamos saindo à rua. As lojas deixam de vender bandeiras amarelo torrado ou azul e passam a apostar na combinação verde e vermelha. A «retoma» somos nós que a fazemos porque criamos confiança , em nós, nos nossos serviços, nos nossos produtos – e nos chineses, tá claro – e começamos a comprar, a gerar emprego, a sei lá mais o quê! Vem aí, a bendita e isso é bom! Hoje comprei um top com o nº 7 nas costas e em letras verdes sobre fundo vermelho escrito «Portugal». Na próxima quarta vou voltar a sair á rua – se deus quiser – e a regozijar-me por ver Lisboa cada vez mais vazia, e mais feliz!

segunda-feira, 21 de junho de 2004

1ª vitória

Bairro Alto. 00h15 e uma entremeada no prato de barro. O calor é tanto que nem a T-shirt de alças é suficiente para cortar o calor. Preciso de uma bebida e já vou na segunda imperial. As cores são muitas, mas a tónica é o encarnado e verde, porque Portugal marcou dois golos no «mata-mata». Na nossa mesa, de um lado estão portugueses que comemoram uma suada vitória, no outro estão franceses que tentam juntar-se aos portugueses nessa mesma comemoração. De repente parece que Lisboa é uma Expo, que os bares são tendas provisórias, que tudo se resume a uma diversão internacional. è mais ou menos assim que se vive o «Euro 2004», mas para nós esta vitória foi o melhor, porque precisamos de estímulo para continuar a receber bem. Somos os típicos em cima da hora, que se desenrascam sempre. Que penduram uma televisão num andaime, para o jogo ser visto no arraial do nosso bairro. Que põem um caixote de cartão a fazer de conta que é do lixo. Que vendem cervejas em lojas de roupa, que ficvam abertos mesmo depois do horário de fecho, que os polícias apitam a comemorar vitórias, que não têm merchandising, mas pintam t-shirts a dizer Portugal, que... que ...que... A sardinha já é gorda, mas os franceses não sabem comê-la, muito menos no pão. Fixam-se no primeiro português, se possível portuguesa, a desenvencilhar-se de espinhas e pele e imitam cautelosamente, sem contudo obterem o melhor resultado.
Nas ruas ouve-se «Portugalo», «Putugal», «Potchugal», «Porrtugalo» e Portugal. O hino aparece ás fracções, mas «Ás armas» arremetem-se com uma força vocal inigualável. Parece um estádio cheio em cada esquina da cidade. Estamos em alta, só vos digo... A «portugalomania», profissão de fé que eu também comungo toma formas inesperadas. No messenger todos os «nicks» são por Portugal. Senhoras de 70 anos a gritarem pelo Maniche, pelo Cristiano Ronaldo, pelo Figo... sabem o onze de cor e os autores dos gojos. Fazem-se versos, anedotas, e cumplicidades. Mas ainda há muito para vir. para já, viva Portugal!

quarta-feira, 16 de junho de 2004

POOOOORTUGALLLLLLL....

A praia estava óptima, mas nem o sol que, com o sal me arrepiava a pele das maçãs do rosto, consegui resistir a larga a areia escaldante ás 16 horas. Portugal estava á minha espera e eu sabia que era importante o meu contributo verde e vermelho. (encarnado, se preferirem!) Sem bilhetes para um espectáculo que também é de rua, não precisei de ir longe para participar. A festa foi em cada canto, mas as ruas estavam desertas. À hora, em ponto, não haviam carros a andar, nem pessoas nas ruas, nem gente na praia, nem passeios com ciclistas. Tudo em frente a um écran, porque o jogo acontecia no Norte.
Bandeiras esvoaçavam nas janelas. Eu vesti-me a preceito, como se de um baile de máscaras se tratasse.
Em frente ao «écran gigante» cujo reflexo do sol fazia desvanecer a imagem, sentamo-nos em filinha indiana. Faltava o copo cheio, cigarros e no intervalo uma bifana no pão. Faltavam golos, e «urras», «boa», «vai lá». estremecemos várias vezes e soltamos uma gargalhada com um sonoro «Figo de uma puta, marca o goooolo». Não marcou, mas s honra ficou quase limpa com o pequeno Ronaldo a fazer das suas.
Saímos, de cabeça erguida, não fossem os últimos minutos sequências de desafortunados remates. Os quatro copos de cerveja e os cigarros cravados à polícia de choque, mais atenta ao écran do que à assistência foram suficientes para «instalarem» um sorriso maquinal na minha cara, queimada pelo sol que continuou a insistir, entretanto, nas costas.
Nem tudo está perdido, haja esperança....

sexta-feira, 11 de junho de 2004

Mais cego...

Mais cego é aquele que não quer ver. Hoje compreendo porque é que esta frase está tão popularizada e de facto tem o sentido que encerra em si. Nunca me considerei cega nem acho que o seja, sou bastante perspicaz, mas ás vezes, determinadas contingências da vida fazem-nos ficar cegos. Camilo Castelo Branco escreveu um livro na penumbra, quase cego, um livro que hoje todos os miúdos das escolas lêem, ou pelo menos deviam ler. Eu sempre quis ser alguém. Cresci com o sonho de me tornar ALGUÉM... de alguma maneira. Não a todo o custo, porque bem sei que tudo tem um preço, «não há almoços grátis» ensinaram-me nas aulas de economia, porque tudo o que fazemos tem um preço associado, seja ele apenas o facto de ao optarmos por isto não podermos fazer aquilo. Mas esse objectivo sempre foi prioridade, embora o caminho que trilhei nunca fosse o da imediatez, nem da facilidade. Porque, apesar da consciência das cartas que eram precisas para se ganhar esse jogo, também sabia que quando o sentido ascendente é demasiado rápido, o descendente é-o dez vezes mais.
Esta história não é sobre mim, é sobre pessoas que eu conheço, que ficaram completamente cegas. E quando ficaram cegas começaram a andar às apalpadelas, porque não viam o que estava à frente do seu nariz e tropeçaram sucessivas vezes magoando-se seriamente. Um dos problemas de hoje em dia é imaginarmos um caminho limpo, sem qualquer entrave ou obstrução, e de repente termos sérios aleijões porque fomos descuidados. A vida é assim. Se estivessem atentos talvez não tivessem tropeçado, se não tivessem, antes de tudo isso cegado. Mas cegaram, e contra isso, nada a fazer!
A diferença é que os cegos apuram os sentidos, têm sensações de tudo á volta, físico ou material. Os outros todos que cegam, NÃO!

Um cheque careca... de saber...

«Tás-te a passar?» foi a frase que mais ouvi nos últimos tempos. Ouvi tanto que cheguei mesmo a passar-me para o outro lado, do amor para o ódio, do estímulo ao tédio. Detesto pessoas que me chateiem em vez de me animarem.
Careca de saber que nada muda, passei um cheque em branco, deixei de ouvir, de querer ouvir, de ter paciência para ouvir até que, num ímpeto de cautela, resolvi verificar a minha conta. Estava quase vazia. Resolvi que não quero mais passar cheques em branco, não deixo mais que mexam na minha conta mesmo que não me importe que mexam... Mesmo assim, às vezes o dinheiro faz falta.

quarta-feira, 9 de junho de 2004

Rock in

Tantos dias tantos concertos que tenho a sensação de ter deixado de gostar de música. Mas adorei. Rock in Rio não foi um Sudoeste ou um "Super Pop", ou um "Vilar de Coura". Foi uma Expo 98 condensada em 6 dias, que quem teve a oportunidade de viver, não teve a oportunidade de parar.
Descemos à adolescência quando entrámos no recinto. A relva, depois terra batida - de pó que «encrespa» o cabelo - incita ao salto, à correria. Somos todos miúdos a brincar num parque de diversões também para adultos. O Sumol foi Cerveja, os croquetes foram «baguettes» e os palhaços e as babysitters, foram músicos. Não entoámos o «Parabéns a Você» mas ficamos a cantarolar o Hino «ÔÔÔ Rock in Rio...». De Paul Macartney a Pedro Abrunhosa um mexeram mais que os outros, outros aproximaram mais uns. Outros aproximaram muito.
E se isso não bastasse, fora do relvado a elecrónica foi a alternativa, onde o ar foi suficiente para me permitir um sono profundo.

segunda-feira, 24 de maio de 2004

Conhecida capítulo II

Nos dias seguintes não sabia bem o que fazer. Acordava cedo, preparava mais curriculuns, arrumava o quarto, ia beber o café ao café mesmo na rua em frente a casa, como uma rotina pré-estabelecida comprava o jornal, via se havia alguma solicitação que pudesse ter interesse para ela e se assim fosse ia tratar da carta de apresentação, mudando apenas a quem se dirigia e enviava, ou caso não houvesse nada ia á Internet fazer buscas de emprego e navegar por sites de bolsas sem qualquer ligação com a sua área. Encontrava um site mais interessante e ficava o resto da manhã até à hora do almoço, a ler fofocas de vedetas internacionais.
Durante uma semana tudo se manteve da mesma forma, com a mesma rotina, dia após dia. À tarde estava com o namorado, mas havia algo que a mudar. Estava a tornar-se cada vez mais impaciente e rabugenta. Implicava por todas as razões e mesmo sem razões; andava nervosa e chorava com a maior facilidade. Bastava ver uma cena mais triste num filme que chorava desalmadamente, a uma pequena contrariedade reagia aos berros com todos. Estava a tornar-se, francamente insuportável. As mudanças de humor começaram a ser tantas que já ninguém tinha muita paciência para a aturar. Começou a viver num pacto mudo e surdo, onde não conversava com ninguém, mas também não queria ouvir ninguém. Não sabia da relação da sua irmã Maria com o Miguel, mas também não queria saber. Evitava estar em casa à hora do jantar que invariavelmente era às 8 horas, para não ter de partilhar aquele momento com a família. Não que os pais comunicassem muito durante essa hora sagrada, porque a rigidez da educação naquele família sempre ensinou a que a esta hora não houvesse muito diálogo, e porque o pai, como homem das letras, preferia ficar atento ao que se passava no mundo, com a televisão com um volume exagerado por excesso devido à sua surdez do ouvido esquerdo. Mesmo assim, preferia estar ausente, não tinha que olhar para a cara da mãe, que permanentemente a observava com um olhar de «Filha, não ouve nenhum telefonema para entrevista? Filha, não te preocupes que não tarda nada encontras alguma coisa.» Era demasiadamente misericordiosa para a sua personalidade, por isso dispensava pena. «Pena têm as galinhas» pensava enquanto ia de carro até à marginal fazer tempo para regressar a casa e, entrar na cozinha quando já todos estivessem na sala, num acto continuado de ver televisão, ou cada um no seu espaço privado da casa.
O tempo ia passando a cada vez mais duvidava de si,. Duvidava se tinha capacidades concretas ou se sempre tinha estado enganada com o valor que se auto proclamava. A auto-estima ia desaparecendo, e, na verdade, o dinheiro também. Nos últimos dias, já não ia de carro dar voltas pela marginal. Ia ao centro comercial, sentava-se num banco e ficava a olhar para um infinito sem pensar em nada, e a começar a ganhar pena de si. O último golpe surgiu quando numa discussão acesa, o namorado lhe disse que já não aguentava o seu «mau feitio», que preferia estar sozinho do que dar tanto a uma pessoa mal agradecida. Que estava sempre ao lado dela e que ela desprezava a sua companhia. Que ela estava a ficar maluca, porque ele não tinha pena dela, mas percebia que não era um momento fácil e por isso queria ajudá-la. «Tens pena, tens, mas eu não preciso da tua pena para nada, nem da tua ajuda, nem da tua companhia, por isso se quiseres podes ir-te embora que eu fico muito bem sozinha. Vens ter comigo porque tens pena de mim, sabes que eu não valho nada e ainda por cima humilhas-me a insistires para irmos a sítios sabendo perfeitamente que eu não tenho dinheiro, para seres tu a pagares e eu ficar-te agradecida. Não, meu menino, muito obrigado, mas não! Agradeço a tua preocupação e a tua pena, mas não quero. Fico muito bem sozinha.»

Conhecida capítulo I

Não havia mais nada a fazer. Assim, Joana pegou na sua carteira de pele, com uns metais incrustados e resolveu sair dali o mais rapidamente possível. A cara fervia e as orelhas também. Na cabeça um só pensamento – ficaram a rir-se de mim e por isso é que tenho as orelhas quentes, que parvoíce pensar que se fica com as orelhas quentes quando supostamente estão a dizer mal de nós, mas eu fico sempre, deve ser dos nervos.
Saiu disparada em direcção ao autocarro. Estava incrédula sobre a forma como as coisas tinham corrido naquela porcaria daquela entrevista. Ainda por cima sem nenhuma explicação, ou melhor uma explicação humilhantemente medíocre. Excluída por não corresponder ao perfil. MAS COMO? A falar quatro línguas, com uma licenciatura em Comunicação Social tirada no tempo certo, sem uma única cadeira para trás, e – modéstia à parte – um corpinho bem feito e uns grandes olhos azuis, tornava-se quase incompreensível. O melhor seria nem pensar mais nisso. As cunhas voltavam a dar de si e mais uma vez nada, o silêncio reinava entre os candidatos. Uns porque não tinham sido escolhidos e preferiam calar-se a denunciar a situação vestindo a pele de mau perdedores. Os outros porque conseguiram pôr as ditas cunhas a «funcionar» e como tal tinham passado à fase seguinte, e seguinte, e seguinte, até serem finalmente escolhidos para fazerem parte do novo staff aéreo da TAP.
Enfim, não valia a pena pensar em mais nada. A viagem do comboio parecia nunca mais ter fim, nunca mais chegava a casa. Não estava com paciência de falar com os pais, as irmãs ou o namorado. Enfrentar as sucessivas perguntas do «Como correu?», «Mas o que é que eles disseram?», enfim, uma série de perguntas que não lhe apetecia de todo responder. Resolveu passar pelo Centro Comercial e comparar umas botas. Por um lado já tinha outro assunto para falar em casa, por outro não ia pensar no assunto durante o tempo que fosse demorar a aquisição. É que para além de tudo, o facto de não ter sido aceite ia, automaticamente, alterar todos os planos para os próximos meses, mas nisso também não lhe apetecia pensar. Chegou a casa contou logo, na esperança de não fazerem as tais perguntas, mas fizeram e ela teve de responder até que, às tantas, farta disse, «Bom, não me apetece falar mais deste assunto.» Pensou rápido num tema que teria pano para mangas e que alguém lá em casa estivesse disposto a querer que outro alguém ouvisse. Nada melhor do que perguntar por um caso amoroso em desenvolvimento. Geralmente, aos outros não apetece ouvir, mas ao próprio apetece contar. «Conta lá mana, o Miguel voltou a telefonar-te foi?» E finalmente desligou.

quarta-feira, 19 de maio de 2004

De Portuuuuuuuuuugallllll

«Vá, despacha-te masé»
«Tou quase a chegar»
«Mas despacha-te, a sério!»
«Não posso por rodas no Comboio, Filipa!! O que é que queres? espera um bocadinho, já estou em Alcântara.»
E dali a 2 minutos estava a chegar numa correria louca. Metemo-nos num táxi, mas como temos sorte(?) fomos parar a um velhote, que trabalhava por conta própria ou seja nem o sistema de comunicações tinha instalado, o que me obrigou a fazer umas 10 chamadas até descobrir que a 2ª Circular ainda estava aberta. Já a descer o Alto dos Moinhos ouvimos no rádio o Goooooooooooooooolooooo!
Continuamos a espremer o velhote que não queria ultrapassar os poucos carros que se atravessavam no nosso caminho. Saltamos do Carro amarelado a correr e procuramos a porta. E depois de umas pouco gentis apalpadelas subimos para os nossos lugares. Lindo. Gente que nunca mais acabava, bandeiras, cachecóis, pinturas sei lá mais o quê. A bancada era demasiadamente privilégiada para podermos soltar os gritos à farta»
Depois conto o resto....

segunda-feira, 17 de maio de 2004

Devota

Sempre rodeada de homens cujas recordações guardava na última gaveta de uma mesinha de cabeceira, para poder mostrar de quando em quando. Amealhava «relíquias» desses santos que num curto mas intenso espaço de tempo idolatrava e depois exibia-as até se fartar, após se ter fartado deles. Na verdade era devota, mas com tempo limite que nem ela própria conseguia calcular à partida, mas que previa curto.
Era uma espécie de beata do amor, da paixão, da intensidade. Isso tinha um efeito duplo, por um lado havia homens que se fascinavam, curiosos, outros não, repugnavam-se pela colecção que ela cuidadosamente tinha expostos na gaveta da mesinha de cabeceira. Numa cidade de milhares de pessoas como Lisboa, uma mulher assim é igual a muitas outras. Mas esta tinha particularidades que marcavam uma natural diferença reconhecida de imediato.
Não era particularmente simpática, nem bonita. Também não era alta, nem tinha um corpo avassalador, mas o conjunto era particularmente sedutor. A leveza com que se mexia, a suavidade com que falava, a energia que emanava tornavam-a um tónico, um elixir que atraía qualquer um.

MAINADA...

E mainada. O Benfica lá ganhou e estamos todos muito contentes ou muito tristes ou muito «nada de especial». O dia está a custar a passar e se me perguntarem porquê, também não sei responder. Problemas, problemas, problemas... mas pior que isso é não gostar do que estou a fazer ou neste momento preciso a não fazer. Um calor insuportável sopra da rua pela janela da sala inevitavelmente aberta para o cinzeiro respirar. Contorço-me de nervos, porque não tenho vontade de pegar em nada para tratar e o telemóvel ai tocando. Sei bem quem são, os chatos do costume que sabem que são chatos, mas que eu não posso fazer nada, porque, no fundo eles precisam de mim, ou melhor dos «meus bons ofícios». Queria ir para casa e ver um filme, quem sabe dormitar um bocadinho para depois acordar já tarde e pensar que posso dormir até ao dia seguinte a sonhar com aquelas coisas que não me apetece pensar.
Passo a vida nisto, a tentar sonhar com coisas nas quais não consigo pensar durante o dia porque simplesmente não quero, mas nos sonhos não posso mandar.
Ah granda benfica. Gritar, gritar, gritar vezes seguidas até ficar rouca como estou hoje dos cigarros sucessivos acesos, fumados, apagados na sola dos meus sapatos.
Vou beber uma imperial assim que chegar a casa porque estou de rastos de um dia tão pouco produtivo. Ridículo, não é? Mainada...

quinta-feira, 13 de maio de 2004

Se eu soubesse!!!!!

Se votas e criticas os políticos. Se telefonas e não queres pagar as contas. Se refilas com a tua mãe mas pedes-lhe dinheiro. Se pagas explicações para depois chumbares. Se comes comida plástica e dá-te vontade de vomitar. Se vais ao Bairro Alto e morres de frio. Se apanhas sol e ficas com alergias. Se queres sair de casa e não sabes cozinhar. Se FO...... sem preservativo mas não queres ter filhos. Se .........
Se eu soubesse não tinha nascido!

Achanatar

Achanatar é uma expressão curriqueira para dizer aquilo que andamos todos a fazer. Todos talvez não, mas alguns. Serve como Saudade, são precisas muitas palavras para explicar o sentido que esta encerra.
Achanatar é não decidir, é não ter ceertezas, é não valorizar o dia no melhor que ele tem. Por exemplo, há quem escreva e não mostre, não partilhe, quem toque e não deixe que os outros oiçam, quem cozinha e não dá a provar, pela simples razão de não ter oportunidade. Eu, por exemplo, também achanato. Ficar em casa a acahnatar é um dos hobbys modernos comuns que muitos temos. particularmente não aprecio, mas muitas vezes deixo-me enrrolar nele. Não achanatemos...Perde-se tanto tempo...

Tentativa de Conversa

Narrador
Ela – irrita-me as conversas dos homens que acham que somos todas burras. Que servimos para - encolhe os ombros – para o que servimos. Eu por exemplo sou gira, sou alta e sou uma excelente profissional.

Ele - Sim, mas dás nas vistas porque és gira. Aliás, até acho que dás mais nas vistas porque és loura.

Ela – Loura não, isto são madeixas. – ar indignado.

Ele – E vêm com estas explicações pseudo-científicas que tentam provar que não são burras. Que não são burras? Bem, nem todas são burras. Eu, por exemplo já conheci várias que não são burras, mas na maioria dos casos são feias, morenas ou velhas.

Ela – Que parvoíce. Essa não é uma teoria, é uma anti-teoria. Não há ponta por onde se lhe pegue. No meu caso, por exemplo, o que é que dirias? Que sou feia? Que sou gira? Que sou burra? Que sou loura?

Ele – No teu caso não digo nada, porque gosto de ti como és.

Ela – Isso não é resposta. Diz lá (a começar a enfurecer)

Ele – Digo que te amo… chega amorzinho… (tentar ser carinhoso)

Ela – Não, não chega.

Ele - Digo que és uma morena loura, esperta e gira.

Ela – Oh, és sempre a mesma coisa, quando vês que as tuas teses não têm justificação desistes…. Mas também já me está a chatear esta conversa. Não quero falar mais nisto. Agora explica lá aquela conversa das várias mulheres inteligentes que conheceste. Quem eram?

Tentativa II

È a associação de sentidos que me dá a realidade e por isso habituei-me a gostar de sabores, cheiros, ambientes, cores, texturas, em vez dos objectos e das pessoas. Esta é uma triste conclusão que só recentemente cheguei e foi preciso passar por várias e diferentes experiências na minha curta vida. Por isso, se este é o meu «testemunho», é também uma despedida daquilo que sou.
Nunca me apercebi bem das pessoas, só das vozes delas, de como soletram, do timbre, da rouquidão e da suavidade. Reconheço rugas, barbas, cabelos, pêlos encaracolados ou lisos. Os cheiros da comida, dos perfumes, das ruas, dos escapes, das árvores. Por isso – e se antes nunca me tinha apercebido, agora que escrevo mais claro se torna – quando viajei procurei sempre tocar, sentir a textura das árvores, dos assentos, da roupa da pessoa que senta ao meu lado. Lembro-me de uma viagem a Paris, em que snetado no avião esperei que a senhora que estava ao meu lado adormecesse para lhe tocar na face. Fi-lo quando serviram a refeição, porque queria sentir as rugas vincadas, hidratadas por um qualquer creme barato, com várias camadas de outros produtos. Senti o cheiro, e o cabelo crespo impregnado provavelmente por uma laca também barata, porque não o deixava respirar. Estava seco, espetado, e era rijo. Reconheci-a pelo cheiro, dias mais tarde no Sacré Coeur, provavelmente fazendo parte de um qualquer esquema turístico. Fazia-me lembrar uma música árabe. A música que ouvi no avião, enquanto lhe toquei nos cabelos e na face.
A minha vida é passada assim, a sentir. Os cheiros também são importantes. Gosto de decompo-los, perceber que estiveram a cozinhar, reconhecer tipos de suor, misturados com desodorizante, ou eaus de toillette.

Tentativa I

A chuva caía miudinha. Chuva «molha tolos» disse o taxista e eu sorri para a minha irmã e apanhando um tom brejeiro, encetei uma conversa que deu para me animar até chegar ao Aeroporto. Ficamos a saber que o senhor morava no bairro da serafina com os seus sete filhos e a mulher doente já tinha sido internada três vezes em Santa Maria por insuficiência renal. «tadita, nunca foi muito saudável… eu já sabia quando me casei, mas quando somos novos a gente só pensa é pela cabeça de baixo» e espreitou pelo retrovisor para avaliar do nossa reacção. Voltei a esboçar um sorriso que suscitou mais uma observação… «As meninas, posso chamar meninas não é?... mas dizia eu, as meninas não casem, aproveitem porque uma família só nos trás problemas…»
Chegamos e demos uma gorjeta medíocre dadas as necessidades visíveis do dito senhor. Para ele «valeu pl’opertunidadi de poder desabafar um bocadito e boa viage». Obrigadinhos dissemos com as mochilas às costas prontas para a nossa viagem, mais uma daquelas que anualmente fazíamos, sem hotéis nem encontros marcados apenas com um bilhete com volta marcada e um electron. Desta vez havia uma variante significativa. Não havia nem um trabalho interrompido por férias fora de época à espera do nosso retorno, nem um semestre a começar. A recessão tinha batido à porta do Portugal dos pequeninos e a dizia-se, lembro-me de ter ouvido no discurso do estado da nação, que a guerra também ia rebentar, com consequências indirectas e uma participação quase assegurada de Portugal. Não me importava minimamente de me ir embora. Não havia lugar para mim, nas empresas que estavam a falir e a despedir cada vez mais gente em Portugal, e felizmente, o subsídio de desemprego estava assegurado durante os próximos dois meses, por isso não teria grandes problemas em me sustentar lá fora algum tempo.
A minha irmã também não. Curiosamente o mesmo tinha acontecido com ela. Com pequenas variantes, ela tinha uma indemnização, e eu não, mas de resto estávamos, mano a mano ou «mana a mana».
A reentre estava a chegar, mas as festas habituais já não me despertavam interesse. Aparecer numa ou noutra revista ao lado de uma amiga que é mais ou menos mediática, ou simplesmente picar o ponto e ganhar mais um dos temas de conversa para os cafés que iria tomar fazendo roer de inveja aqueles que como eu anos antes tinham de penar para um qualquer convite que agora, quase preferia não receber.
É assim a vida, só se quer o que se não tem.

domingo, 9 de maio de 2004

Festa do Século

A Festa do Século! A sério vai lá estar toda a gente… tenho a certeza» e com estas palavras desligámos os telemóveis e eu arrumei depressa as minhas coisas e preparei-me para sair do trabalho. Deixei o computador ligado com uma série de ficheiros abertos que não imaginei que alguém pudesse ver. Já era tarde e de uma maneira geral só o senhor da recepção é que ia à sala, fechar as janelas e o ar condicionado e tirar a chave da porta.
Desci ao parque de estacionamento, a 20 metros dali com o casaco a proteger-me a cabeça para o cabelo não ganhar volume. Já sabia da festa e na véspera tinha ido ao cabeleireiro à hora do almoço para «esticar a carapinha» como costumava dizer às minhas colegas com um acentuado tom brejeiro.
Rumei à linha, sem antes não me esquecer de atestar o depósito que, como sempre tinha o ponteiro a rasar o fundo. Depois de uma série de percalços, prenúncios na minha mais profunda superstição de que a festa seria um profundo desastre, cheguei a casa e despi o meu armário e o meu corpo para ver o que se adequava mais o evento. Não tinha nada novo, para estrear, mas tinha muita coisa velha, com alguma graça, tinha só de pensar no estilo que se adequaria mais à situação, a parte mais difícil.
Hesitei num top que tinha vindo de Paris, mas que embora avant garde ninguém, à excepção de uns ou outros olhos mais cosmopolitas, iria entender… era demasiado «à frente». Dali a um ano faria o seu sucesso. Por isso optei por passar pela Zara e comprar um trapito para o efeito.
Sai a correr com um cigarro na boca, completamente maquilhada e vestida da cintura para baixo e dirigi-me o mais rapidamente possível para o Centro Comercial mais perto.
Mais uma festa, mais uma bebedeira, mais as mesmas caras, as mesmas conversas, as mesmas figuras públicas, as mesmas revistas a perguntarem o mesmo às mesmas pessoas e as mesmas ilustres desconhecidas a colarem-se às mesmas conhecidas para aparecerem, pelo menos de lado numa página qualquer do socialite nacional. País ridículo o nosso.
Mas enfim, eu fazia parte do sistema, também já tinha feito o mesmo, também já tinha estado ao lado dessas figuras públicas, intencionalmente ou não, também tinha aparecido em revistas, de lado, um olho ou um ombro, ou de frente com legenda e tudo, tinha experimentado o sabor doce e o sabor amargo dessa situação e por isso tinha-a desmistificado sem, contudo, conseguir faze-lo às minhas amigas mais apaixonadas pela fama. Mesmo assim, não conseguia ir a uma festarola mais in sem uma produçaõzita. A razão agora era outra. Tinha medo de começar a ficar velha demais para lá estar.
Fui e foi francamente divertido. No dia seguinte acordei às três da tarde com uma vontade imensa de me meter dentro de água e captar na minha face qualquer raio de sol que brotasse em pleno mês de Fevereiro. Esqueci-me da prancha…burra, burra, burra – já com o fato vestido….

«lirics???»

Acendo um cigarro, estou sozinho,
Faço qualquer coisa na cozinha
Vivo só para mim, e não quero,
Estou a entrar no desespero….

Minto que hoje tenho um programa,
Aqueço um saco e vou prá na cama,
Abro um livro que não quero ler
Faz calor e finjo que está a Chover
Amanhã vai tudo ser igual,
levanto-me bebo um café, folheio o jornal,
Procuro emprego, diz o do lado
«Olhe que a coisa está mal!»
Volto para casa, mas que coisa, ninguém está à minha espera,
Mais uma noite igual, hoje talvez vá ao cinema,
O telemóvel não toca, bebo para ir dormir,
passa o tempo mais depressa e ainda me posso rir,
de mim…
Cretino, estúpido, sozinho,
Ninguém te pega, homenzinho,
Veste-te como deve ser,
Tu já não sabes viver

Fumar mata, olho tabaco,
Mentir mata, fica calado,
Solidão mata, olha pró lado,

quinta-feira, 6 de maio de 2004

Traição

Pode tomar muitas formas, mas muitas vezes não chega a ser. Uma traição pressupõe um sentimento de culpa, uma troca voluntária com a consciência dessa troca. Não traio, porque não troco. Pode ser considerada uma desculpa, mas na verdade não é mais do que a verdade. Porque tenho cada pessoa, na minha vida e na minha consciência a ocupar um lugar próprio, um espaço definido... Por isso os papéis e as importâncias não se misturam. Um amante/um namorado, um patrão/um colega, um pai/um irmão.. cada um é o que é, tem o espaço que tem, não se mistura, não é outra coisa, somente o que é e às vezes mais...

terça-feira, 4 de maio de 2004

Fine Post

C'est mom boulot...mais je preferais dire que ceux, sont mes amis. Que chatice. Na pressa da nossa vida acabamos por não valorizar conscientemente - que é o mais doloroso - a importância das pessoas. Cada um vale o que vale, pelas atitudes, pelos comportamentos, pelos valores... mas vale ainda mais pelos laços que cria. Por exemplo, para mim, é muito importante o relacionamento interpessoal. Valorizo, é certo o profissionalismo, muito, mas poder confiar nas pessoas com as quais passo a maior parte do tempo, do meu dia é muito, mas muito importante. Porque todos nós precisamos disso, de nos sentirmos acompanhados, motivados e certos de que a vida é muito mais do que falhas ou sucessos. Sucessos são óptimos se os pudermos partilhar. eu partilho os meus sucessos,outros oartilham os seus sucessos comigo, por exemplo... Ter um aplauso e olhar para os olhos de algúem no meio da plateia. Mostrar uma expressão triste e saber que, naquele sofá podemos limpar as mãos molhadas de lágrimas.... é isso o que vale a pena porque a alma não é pequena!